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O que muda com a variante Delta?

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Imunização deve ser acelerada para evitar casos graves e mais mortes; variante delta é nova ameaça
Imunização deve ser acelerada para evitar casos graves e mais mortes; variante delta é nova ameaça - Nhac Nguyen / AFP
A variante Delta pode chegar a ser transmitida até para o dobro de pessoas

Em meio aos bons números que demonstram quedas importantes nos casos de hospitalizações e mortes por Covid-19 no Brasil, nestas últimas semanas, é preciso olhar para o que acontece no planeta e buscar captar tudo aquilo que possa nos ajudar a continuar enfrentando a pandemia pelas bandas de cá.

O assunto que tem movimentado parte importante do mundo científico e político tem sido a variante Delta e seus possíveis impactos no comportamento da pandemia. 

Uma das boas notícias é que as vacinas seguem se mostrando, em sua grande maioria, eficazes na prevenção contra hospitalizações e mortes mundo afora. Esta é uma explicação bem provável para o fato de que mesmo com o crescimento consistente de casos em países com vacinação avançada, não há um crescimento proporcional no número de mortes por Covid-19.

Mas também há notícias que não são tão boas. Parte delas foi confirmada recentemente com a divulgação de um documento do CDC - Centro de Controle e Prevenção de Doenças - dos Estados Unidos. O resumo é que a variante Delta é bem mais transmissível que a cepa original e mesmo que outras variantes. Só para se ter uma ideia, na comparação com a cepa original, a variante Delta pode chegar a ser transmitida até para o dobro de pessoas.

O documento do CDC também destaca um ponto importante de se comentar: a vacinação é muito eficaz, mas ela não necessariamente vai impedir que a pessoa adoeça. E nestes casos, esta pessoa potencialmente poderá ter a mesma carga viral de uma pessoa não vacinada e se tornar vetor de transmissão para várias outras. Este fato não é necessariamente uma novidade, mas faz-se importante destacar bem isso por sua importância epidemiológica.

Há outros pontos importantes, mas fico com estes, por enquanto, porque já nos dão o essencial para tirar algumas conclusões.

A primeira delas é que a pandemia ainda não acabou. Esta é uma afirmação um tanto óbvia, mas importante em um momento em que vemos alguns governantes e países adotarem posturas como se já vivêssemos em um período pós pandêmico. 

A segunda é que, mais do que nunca, é preciso acelerar o ritmo de vacinação. Tem sido preocupante o aumento da mortalidade observado em alguns países com vacinação incipiente. Um exemplo é a Indonésia, país com pouco mais de 270 milhões de habitantes e que está vendo a mortalidade por Covid-19 se tornar cerca de 8 vezes maior em pouco mais de 1 mês. Vale destacar que no mesmo período houve um crescimento importante dos casos confirmados pela variante Delta, que representavam, no dia 17 de maio, cerca de 11% dos casos naquele país e hoje representam cerca de 93%, segundo dados que verifiquei no site Our World in Data.

Mas agora venho com um alerta que preocupa: a despeito do péssimo monitoramento de variantes em nosso país, hoje temos um percentual de casos por Delta em torno de 12% do total. Percentual bem parecido com a Indonésia no dia 17 de maio. Se não é possível transpor uma realidade para outra, no mínimo isso deve nos deixar bem alerta para o que pode vir. Pois apesar do avanço na vacinação, hoje ainda não contamos com sequer 50% da população vacinada com duas doses.

Volto, então, a reafirmar: a pandemia está longe de terminar e precisamos, além de acelerar a vacinação, reforçar as velhas orientações relacionadas ao uso de máscaras de qualidade, evitar aglomerações e manter todos aqueles cuidados importantes.

As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal

 

Edição: Vanessa Gonzaga