Pernambuco

ABRIL VERMELHO

MST realiza ocupações em Pernambuco durante jornada de lutas em defesa da reforma agrária

Nesta segunda (17), movimento participa de sessão na Alepe em comemoração ao Dia Nacional e Estadual da Reforma Agrária

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Ocupações aconteceram ao longo do fim de semana em todas as regiões de Pernambuco - MST Pernambuco

Abril marca o mês de luta pela reforma agrária, que ficou popularmente conhecido como o Abril Vermelho. A data foi escolhida em memória aos militantes do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) assassinados durante uma marcha pacífica em Eldorado dos Carajás, no Pará, no dia 17 de abril de 1996.

Neste ano, a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária tem como lema “Contra a fome e a escravidão: por terra, democracia e meio ambiente”. 

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O dirigente nacional do MST em Pernambuco, José Damasceno, fala da simbologia do mês para a luta pela terra. “É a primeira vez na história do nosso movimento que o Estado brasileiro de forma planejada e organizada faz um ataque, um massacre em plena luz do dia na curva do “S”. Então se tornou na verdade um marco histórico que eternizou a luta da classe trabalhadora e ele é muito simbólico internamente para o nosso movimento”, explica.

José ressalta que a data é central para o movimento, que realiza diversas ocupações hoje. “É fruto da resistência e da luta que foi instituído o 17 de abril como Dia Internacional de Luta pela Terra, que também é uma conquista da classe, da classe como um todo. E nós já costumamos dizer que no Brasil é o seguinte: dia 17 de abril, quem não lutar, tá fora da lei, né? Porque a lei tá dizendo que é dia de lutar. É dia internacional de luta pela terra”.

Contra a escravidão

Em Pernambuco, o MST ocupou no último final de semana oito áreas de latifúndios improdutivos na Região Metropolitana, Zona da Mata, no Agreste e no Sertão. Na semana passada, o movimento ocupou áreas dos engenhos Cumbe, Juliãozinho e Jussara, todos em Timbaúba, na zona da mata. A área atualmente pertence ao Governo de Pernambuco.

Fernando Silva, dirigente do MST no estado, explica a relação entre a pauta do movimento e as ocupações. “Uma área que criou trabalho escravo, uma área que durante tanto tempo explorou a força de trabalho dos trabalhadores do local, o que fizeram pelo direito dos trabalhadores? Nós estamos trazendo todo mundo de volta para que eles possam ter acesso à terra, acesso à produção e a produzir com com qualidade. 


Famílias agricultoras ocupam o auditório da superintendência do Incra no Rio Grande do Sul / Maiara Rauber /Comunicação MST

O dirigente também destaca que em Pernambuco há dificuldade para avanço da reforma agrária, cenário que é nacional após o golpe de 2016 e o governo Bolsonaro. “Há mais de seis, sete anos que a gente não consegue garantir vistorias e desapropriação de nenhuma área. Principalmente pelo sucateamento do INCRA nos governos anteriores. Então, voltar essa questão da pauta da reforma agrária aqui no estado de Pernambuco é garantir com que as pessoas possam realmente viver, sobreviver, criar seus filhos e, na verdade, garantir com que as famílias possam produzir alimentos”, projeta.

Contra a fome

Desde abril de 2020, durante o isolamento social pela pandemia da covid-19, o MST passou a fazer campanhas de solidariedade. As ações contam com a distribuição de alimentos produzidos em áreas de acampamento e assentamento. Neste ano, o movimento destaca a importância da jornada após a posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva.

É o que aponta josé Damasceno. “A luta pela democratização da terra está dentro do contexto da luta pela pela democracia do do Brasil. Então, o que o MST faz desde a sua origem é essa luta. Democratizar a terra. Democratizar a produção de alimentos inclusive. É muito forte essa simbologia para esse momento que nós estamos vivendo de retomada do debate da democracia”.

Apesar dos estigmas que cercam o movimento, Fernando destaca que o objetivo do MST é fazer a Lei da Reforma Agrária, prevista pela Constituição, ser cumprida. “Nós queremos que a lei seja cumprida. Todas as terras que não cumprem com a função social sejam desapropriadas para fins de reforma agrária. Não dá mais pra gente viver com as nossas famílias sem ter acesso a terra, sem produzir e o agronegócio destruído e acabando com o sonho de milhares de trabalhadores. O Abril Vermelho é justamente para pautar os governos onde as famílias possam ter acesso a terra”, finaliza.

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Edição: Vanessa Gonzaga