Adentramos o período eleitoral. Já sabemos o que ele nos traz. As regras do jogo nas eleições reforçam esse caráter elitista de nosso sistema político, onde a representação adquire contornos de uma comédia sem graça. A política malfeita é útil a quem detém o poder, afastando o povo dos processos decisórios e impedindo que este se organize para fazer valer os seus direitos.
Mas nem tudo nas eleições é encenação. Recife viverá nos próximos 40 dias a disputa entre projetos inconciliáveis para a capital. Duas candidaturas principais dividem opiniões e têm chances de vitória. Elas refletem a divisão atual da sociedade brasileira. De um lado, aqueles que tratam a democracia como teatro, como fábrica de candidatos caô. De outro, aqueles que entendem a democracia como a participação do povo na definição dos rumos de seu país e da cidade onde vivem.
A candidatura de Geraldo Júlio (PSB) é a maior expressão do golpismo na capital. Sua gestão rompeu com políticas de participação popular que envolviam a periferia e sua cultura no desenho de cidade a ser implementado. Abriu caminho para o desmonte das conquistas acumuladas pelo povo recifense: desmontou o orçamento participativo, investiu na privatização da saúde, cortou os investimentos na cultura popular e avança para esvaziar o caráter popular, gratuito e democrático do carnaval recifense. A periferia voltou a ser tratada como questão de polícia, com o aumento da perseguição e criminalização do povo pobre.
A candidatura de João Paulo (PT) se encontra no polo oposto. Suas gestões figuram na memória do povo de nossa cidade como momento de ampliação da participação política, investimento em infraestrutura nos bairros, remoção das famílias das palafitas para uma casa digna, investimento em saúde pública, políticas de incentivo ao esporte e lazer e uma prioridade à cultura popular que se tornou uma marca fundamental de suas gestões. Ele não veste o figurino do candidato tradicional e não precisa encenar para criar empatia com o povo. Foi o primeiro prefeito operário na cidade do Recife e sua história está ligada às lutas pela democracia desde muito cedo. No momento político atual, sua coligação reafirmou o compromisso com a luta pela democracia e contra o golpe.
O Programa de Governo de João Paulo vêm sendo debatido nas Cirandas da Cidade, momento onde os movimentos populares, associações de bairro, movimento sindical, movimentos de mulheres, negros e negras e a juventude se reúnem para criticar, debater e propor rumos para as conquistas populares.
O Brasil de Fato Pernambuco apoia a candidatura de João Paulo, não por acreditar que possa sozinho executar promessas de campanha, mas, porque, ao invés de prometer, constrói seu projeto com o povo organizado que é quem pode garantir as mudanças. Ao invés de encenar, se compromete a priorizar políticas que avancem na consciência popular, em seu poder de pressão e organização para fazer valer os seus direitos. A cidade é feita de gente, cuidar das cidades é cuidar das pessoas. Mudar Recife é dar poder ao povo.
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