Pernambuco

Experiências

Construir o futuro para além das eleições

O aumento do conservadorismo indica a necessidade de repensar um projeto para o país.

Recife |
"devemos nos preparar para o aprofundamento das medidas neoliberais de retirada de direitos, desemprego e criminalização da luta social"
"devemos nos preparar para o aprofundamento das medidas neoliberais de retirada de direitos, desemprego e criminalização da luta social" - BdF PE

O segundo turno das eleições em Recife confirmou o avanço do conservadorismo e consolidou a hegemonia do PSB em Pernambuco. Além do governador Paulo Câmara o PSB agora conta com 70 prefeitos em todo o estado.

No segundo turno, em apenas 4 capitais - Recife/Pe, Rio de Janeiro/RJ, Belém/PA e Aracaju/SE-, as eleições apresentaram a disputa entre dois projetos diferentes de cidades, e mais uma vez viu o poder do dinheiro e da mídia definir as regras e o resultado jogo, com exceção de Aracaju que elegeu Edvaldo Nogueira (PCdoB) com 52,11% contra o candidato do PSB, Valadares Filho.

O conservadorismo saiu fortalecido, mas a soma de votos nulos, brancos e abstenções superou a votação dos candidatos eleitos, em Recife esses votos representam 24,49%.

A resistência aos difíceis tempos que se anunciam exige extrair lições desse momento: 

A primeira é que devemos nos preparar para o aprofundamento das medidas neoliberais de retirada de direitos, desemprego e criminalização da luta social.
Nosso primeiro desafio é barrar a PEC 241, proposta de emenda constitucional que congela investimentos federais por 20 anos e desobriga a União a repassar para os estados e municípios os percentuais estabelecidos pela constituição para o financiamento de ações na áreas de saúde e educação, colocando em grave risco o Sistema Único de Saúde.

Apoiar o exemplo dos estudantes que ocupam mais de 1100 escolas e cerca de 60 universidades em todo o Brasil contra os retrocessos impostos pelo governo de Michel Temer. Em Pernambuco são mais de 20 instituições de ensino ocupadas. O próximo dia 11 de novembro, dia de paralisação nacional proposto pelas centrais sindicais, indica que a luta está só começando e tende a se ampliar no próximo período.

A segunda lição é nunca subestimar o poder da grande mídia e seus espetáculos para influenciar a opinião popular. Tarefa urgente é reconstruir os laços com a classe trabalhadora e com os movimentos sociais por meio da pedagogia do trabalho popular, investir na construção de nossos próprios meios de comunicação enfrentando a manipulação da grande mídia e das forças conservadoras.

A terceira lição é interpretar a atual rejeição ao sistema político brasileiro, expressa no aumento de votos brancos, nulos e abstenções em todo o Brasil. Ela sinaliza a importância de renovar o pensamento de esquerda e seu projeto de país, superando os marcos da limitada democracia representativa. O exemplo das ocupações demonstra que se pode fazer política através da ousadia, criatividade e soberania popular.

Não haverá conquistas duradouras sem superar a democracia de fachada que visa legitimar a ausência do povo nos espaços de poder. O caminho segue sendo a construção de uma Constituinte Exclusiva e Soberana, que possa abrir espaço para o povo exercer poder em seu próprio nome, organizar os problemas estruturais que afetam diretamente suas vidas em um Projeto Popular de Nação.

Edição: ---