LEGISLATIVO. O BdF PE começa em sua primeira edição do ano uma série de entrevistas com vereadoras e vereadores eleitores por partidos de esquerda nas cidades de Petrolina e Recife. Iniciamos com Cristina Costa, vereadora eleita pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no município de Petrolina. Na entrevista ela avalia sua atuação política anterior, fala sobre a Frente Brasil Popular e as principais propostas para o mandato atual.
BdF: Qual o balanço do seu último mandato?
Cristina: Fui reeleita ao meu terceiro mandato. Quando fazemos um paralelo com meu primeiro mandato que começou em 2009 e para o segundo que concluí no final de 2016 isso demonstra uma maturidade muito grande. No primeiro mandato tudo pra mim era novo, trabalhei muito e, principalmente quebrei muito a cara, eu estava conhecendo a tramitação e a partir do segundo mandato não. A própria experiência do primeiro, você entender como se dá a máquina, os mecanismos lá dentro da câmara de vereadores, o domínio maior do regimento interno, da lei orgânica do município, isso me fez adquirir mais experiência. Hoje eu já labuto com mais segurança dentro do poder legislativo. No segundo mandato posso dizer que senti minha participação mais firme, a presença junto aos movimentos sociais foi maior. Há uma diferença muito grande por eu ser sindicalista, militar na rua, fazer greve, enfrentar a polícia... A gente tem que ocupar os espaços, e o parlamento é um deles. Nesses anos eu pude compreender que é preciso estar mais próxima ainda aos movimentos sociais, trabalhando demandas que existem lá dentro, chamando as partes interessadas.
Para cada projeto que o executivo mandava mesmo tendo a minha interpretação e buscando ali a leitura das cascas de banana que vêm dentro dos projetos, a gente tem o cuidado de chamar as partes interessadas, debater para ouvir qual é e o sentimento, ouvir as ideias e discutir para ver como formular a melhor proposta através das emendas, através da mudança dos projetos e, algumas vezes, atuando para derrubar o projeto, mesmo tendo um voto. Mas isso exige que a gente se diferencie por ser professora, sindicalista, ser do Partido dos Trabalhadores, estar afiada dentro das leis. Pelo nosso mandato passou toda a problemática dos trabalhadores do município de Petrolina.
BdF: Desde 2015, uma das sínteses da unidade da esquerda tem sido a Frente Brasil Popular. Para você qual é o papel da Frente para esse próximo período?
Cristina: Eu acho que o papel da Frente – nós fizemos questão de estar participando enquanto vereadora petista e presidenta do partido – é ser a referência da esquerda. Hoje a Frente Brasil Popular é um instrumento de defesa dos trabalhadores. Como instrumento, hoje a Frente Brasil Popular está acima do próprio partido, tenho colocado isso nas discussões internas do partido, a necessidade da unidade. Nós não podemos trabalhar o partido enquanto tendência, enquanto tendência nós temos que respeitar os pontos divergentes, é importante para que a gente possa tomar a melhor decisão. A Frente foi muito importante quando fomos às ruas para dizer não ao golpe e continua sendo importante para essa conjuntura adversa que está aí. São tempos difíceis para os trabalhadores.
BdF: Qual o desafio de um mandato parlamentar em um cenário de golpe de Estado que vivemos?
Cristina: O desafio mais importante é permanecer firme na Câmara de Vereadores de forma autônoma, livre e independente. Nós agora estaremos mais fortes com a presença de Gilmar Santos (PT) e nosso desafio é se diferenciar e levar o debate qualificado para dentro da Câmara. Houve uma investida muito alta para nos tirar da Câmara de Vereadores, mas a nossa própria história de luta nos colocou aqui de volta.
BdF: Qual a sua análise desse cenário político que a gente tem em Petrolina e no Estado de Pernambuco dessa hegemonia do PSB?
Cristina: Aqui em Petrolina a família Coelho e o PSB usaram um slogan na campanha que o PSB vinha salvar Petrolina, isso é uma contradição. Quando você soma o percentual de votação dos outros candidatos você vê que a maioria da população não apoiou os Coelhos. Há muitas diferenças entre as gerações da família no passado e agora. Fernando Bezerra Coelho (PSB) é quem lidera e ele está envolvido na Lava Jato e indiciado pelo Ministério Público, participou do esquema de desvio de dinheiro público com o ex-governador Eduardo Campos. Vão ser tempos difíceis esses aqui com essa família do novo governo.
BdF: Quais são as suas principais propostas para este mandato?
Cristina: Continuar defendendo os direitos trabalhistas e valorizando o cidadão, a valorização da educação, que é a minha bandeira de luta. Nosso mandato está a serviço dos trabalhadores e mais próximo ainda aos movimentos sociais.
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