Aproxima-se a data mais esperada do ano para os pernambucanos: o Carnaval. Festa de muitos ritmos e muitas cores, o carnaval de Pernambuco é característico por sua diversidade. É nesta época do ano que pessoas de várias regiões do país vêm a Pernambuco para encontrar a alegria do povo daqui.
O carnaval segue sendo a festa mais democrática da cultura popular. São nesses dias de folia que se expressa toda a força criativa do povo que toma as ruas com seus ritmos, fantasias, danças e animação. Em Pernambuco, terra do maracatu e do frevo, do baião e do coco, a efervescência é geral. São várias as cidades que se agitam para celebrar a mística que só o povo pode criar.
Do Sertão ao Litoral é possível encontrar exemplos desse sentimento que toma as pessoas. Em Petrolina, o Samba do Véio garante a animação evocando a cultura indígena e africana; Triunfo tem as ruas tomadas pelos Caretas em um clima de mistério e muitas cores; em Pesqueira são os Caiporas que dão o tom; Bezerros, com seus Papangus, resgata a cultura dos africanos escravizados que na época de carnaval se fantasiavam para “papar” o angu nas Casas Grandes; Nazaré da Mata dá o ritmo da festa com o Maracatu Rural e o Cavalo Marinho, dança que tem seus paços inspirados nos movimentos dos trabalhadores do corte de cana; Olinda é a festa dos bonecos gigantes; e Recife, a terra do frevo.
Nos quatro cantos do estado, o povo pernambucano torna-se uno e a magia do carnaval vai balançando corpos e sacudindo a massa. E neste agito popular só não há espaço para o preconceito e a discriminação. Toda nossa negritude, toda nossa sexualidade, de todas as cores e a todas as classes, o carnaval se compõe e se veste de aceitação das diferenças. E não poderia ser de outra forma, pois o carnaval é uma centelha da beleza e da inventividade da classe trabalhadora.
Neste momento em que o Brasil passa por um cenário de golpe, com um governo ilegítimo que quer retirar os direitos históricos dos trabalhadores, o carnaval vem nos lembrar de que a rua deve ser nosso palco, as lutas devem se tornar nosso estandarte, e nossas vozes o enredo que pode apontar o melhor caminho para retomarmos a democracia e superarmos a crise sem jogar a conta nas costas dos trabalhadores.
Assim, quando a quarta-feira de cinzas, ingrata, chegar, lembremo-nos que temos a força para construir nossa própria história e que o carnaval de 2017 não deixará saudades, mas sim a esperança de reencontrarmos o povo nas ruas, a pintar de alegria muros e praças, construindo um Brasil mais justo e solidário, onde as liberdades sejam respeitadas e as diferenças continuem sendo a marca deste povo festivo e lutador.
Edição: Monyse Ravenna