Um evento importante para Pernambuco e para o Brasil completa seu bicentenário neste mês de março: a Revolução Pernambucana. Por quase três meses o estado de Pernambuco foi uma república independente. Era um período de insatisfações com a alta cobrança de impostos por parte da Coroa. Em 1810 já havia articulação dos pernambucanos para dominar os portugueses.
Uma série de atividades estão programadas para acontecer durante o ano aqui em Pernambuco. No dia 12 deste mês foi aberta a exposição “1817 - Revolução Republicana”, no Museu da Cidade do Recife Forte das Cinco Pontas, bairro de São José. Sem data definida ainda, placas de azulejo serão colocadas em locais de relevância para a Revolução, como o Forte do Brum e a Praça da República. Também será criado um roteiro educativo e turístico, com visitas guiadas, para visitar esses pontos.
O estopim da Revolução foi o assassinato de um superior do reino pelo capitão José Barros de Lima, conhecido como Leão Coroado. O quartel foi tomado e o então governador de Pernambuco, Caetano Montenegro, foi expulso do estado após se esconder no Forte do Brum. No dia 19 de maio, 8 mil homens cercaram o estado e executaram os revolucionários em praça pública.
Os ecos de tal Revolução ressoam na nossa cultura até hoje. Lepê Correia, escritor e especialista em história de Pernambuco, observa que “1817, para a cultura pernambucana, é muito importante, pois o sentimento de bravura, de defesa e de pertencimento à terra foi algo que ficou muito palpável para os brasileiros e, principalmente, para os pernambucanos. Foi em nossa terra que primeiro aconteceram grandes revoluções, onde primeiro se percebia o sentimento de pertencimento ao local e o entendimento de que era preciso modificar e se libertar do governo português”.
A jornalista e pesquisadora de comunicação e cultura Mariana Reis afirma que “a gente tem muito dessa herança da revolução pernambucana, que influenciou, por exemplo, a própria bandeira do estado, nomes de ruas e avenidas, como a avenida Cruz Cabugá e a Gervásio Pires. No campo da cultura, e mais na última década, a Revolução virou romance histórico, com o livro 'A Noiva da Revolução', do jornalista Paulo Santos, e quadrinhos, na publicação 'A Morte e A Morte de Frei Caneca', da Editora Livrinho de Papel Finíssimo. Na música o levante é lembrado, por exemplo, com as letras de Lenine, nas composições 'Leão do Norte' e 'Minha Cidade', que exaltam o Pernambuco guerreiro e o papel de Frei Caneca”, diz a pesquisadora.
Na avenida Cruz Cabugá fragmentos dessa história ainda podem ser apreciados pelas pessoas. Na esquina com a avenida Norte está localizado o cemitério dos Ingleses, em terreno doado pelo governador da capitania, em 1814, a pedido dos ingleses para o príncipe Dom João. Lá, provavelmente está sepultado Henry Koster, uma testemunha ocular de 1817. Justamente ao lado do cemitério, localiza-se um mural de azulejos de 45 metros dedicado às memórias das Revoluções Pernambucanas. Atualmente, contudo, o mural apresenta marcas de desgaste.
Edição: Monyse Ravenna