No último dia 2 de abril 58 mil ipojucanos foram às urnas para definir quem comandará a Prefeitura até o fim de 2020. E a escolha de 55,2% dos eleitores foi a professora Célia Sales (PTB), de 52 anos, que se candidatou a um cargo eletivo pela primeira vez. Os 31 mil votos fizeram dela a primeira mulher eleita para o Executivo da cidade. A coligação de Sales conta ainda com PT, PRB, PTN, PHS, PR, PTdoB, PROS, PRP e PEN. A eleição suplementar foi definida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após o cancelamento do primeiro pleito.
Na disputa, Sales superou o ex-prefeito Carlos Santana (PSDB), que esteve à frente da Prefeitura de 2013 a 2016; e o vereador Olavo (PMN), terceiro mais votado para a Câmara em outubro. O tucano Carlos Santana, derrotado em outubro de 2016 com 23.765 votos, desta vez se candidatou sob a alcunha “Carlinhos”, mas saiu derrotado novamente, com praticamente a mesma votação: 23.925 (42,6% do total), apenas 160 votos a mais. Já Olavo, que na campanha para vereador obteve 2.772 votos, apoiando o então prefeito Carlos Santana, neste pleito sequer conseguiu manter seus votos, obtendo apenas 1.247 (2,22% do total).
A funcionária pública da rede municipal de educação Célia Sales é esposa de Romero Sales, do mesmo partido, candidato vencedor da eleição de outubro. A vitória de Romero foi impugnada pelo TSE porque ele tem contra si uma condenação por improbidade administrativa referente ao ano de 2008, quando era vereador na cidade. Romero Sales integrou uma comitiva de parlamentares que foram a Foz do Iguaçu, no Paraná, para participarem de atividades institucionais, tudo pago com dinheiro público. De acordo com a Justiça, o grupo de vereadores não participou do referido encontro e aproveitou a viagem para fazer apenas turismo. O caso é considerado lesão aos cofres públicos.
Tão logo o TSE anunciou a necessidade de realização de uma eleição suplementar, Romero Sales anunciou que a candidata seria Célia Sales. E a população do Ipojuca reafirmou sua vontade de ter o grupo a frente do Executivo. Até o próximo dia 20 de abril Célia Sales deve ser diplomada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) como prefeita do Ipojuca. Assim que diplomada, ela pretende tomar posse o quanto antes como primeira mulher a frente do Executivo municipal. Dos 12 vereadores da cidade, 6 participaram ativamente da campanha de Sales. A expectativa do PTB é conquistar o apoio de outros parlamentares, garantindo-lhes maioria dentro da Câmara para aprovarem os projetos do Executivo.
Com 93 mil habitantes, Ipojuca tem a 15ª maior população de Pernambuco e administra o 3º maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado e um dos 100 maiores PIBs do Brasil. A cidade fica na região do Porto de Suape. No entanto, os recursos não significam qualidade de vida para a população. O último Mapa de Pobreza e Desigualdade, publicado em 2003 pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), apontava que 63% da população do Ipojuca vivia em condições de pobreza. Nesses 14 anos a situação pode ter melhorado, mas não ao ponto de superar as extremas desigualdades econômicas do município, especialmente no meio rural, onde predominam latifúndios com plantação de cana-de-açúcar e podemos encontrar comunidades ainda sem água encanada.
Outras cidades – Como trouxemos na edição de 3 de fevereiro, não só Ipojuca aguardava decisão no TSE sobre as eleições municipais. Os municípios de Belo Jardim e Jataúba, ambos no Agreste, também aguardam decisão da Justiça. Em Belo Jardim o candidato João Mendonça (PSB) teve sua candidatura impugnada pelo TRE por improbidade administrativa, mas obteve liminar junto ao ministro do TSE Gilmar Mendes garantindo sua posse. Enquanto em Jataúba o prefeito Antônio de Roque (PSB) foi reeleito, em outubro, mesmo com as contas da prefeitura sendo rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE). A oposição entrou com recurso no TSE. Ambos os casos estão pendentes de julgamento do TSE. Não há previsão para os casos irem ao pleno do tribunal.
Edição: Monyse Ravena