A visão popular de Pernambuco, do Brasil e do mundo começou a circular no nosso estado em abril de 2016. No primeiro editorial o jornal já dizia de que lado samba: ao lado da classe trabalhadora. A partir de então, em diversas estações de metrô e ônibus do Recife e Região Metropolitana, além de cidades do interior, as distribuidoras e distribuidores fazem chegar jornais, a cada 15 dias, às mãos de 40 mil pessoas o Brasil de Fato Pernambuco.
Para tornar o jornal possível, uma série de contribuições foram e são necessárias. Comunicadoras e comunicadores, sindicatos e movimentos populares comprometidos com o povo se unem para materializar essa ferramenta de comunicação. Até agora foram 24 edições que trouxeram diversas pautas. Entre elas e principalmente, as lutas do nosso povo.
A editora do Brasil de Fato Pernambuco, Monyse Ravena, fala do contexto do surgimento do jornal aqui no estado: “esse 1º ano de existência é todo o período do contexto do Golpe de Estado que nós vivemos, o contexto de ataque à democracia. Mas é também o contexto de rearticulação das forças de esquerda, de consolidação da Frente Brasil Popular e do acirramento na luta pela democratização da comunicação, da necessidade de termos mais veículos de comunicação popular e que disputem a hegemonia da sociedade. É a partir desses elementos que o Brasil de Fato Pernambuco surge”. Sobre a linha editorial adotada, Monyse Ravena explica que o Brasil de Fato apresenta uma perspectiva dos fatos a partir dos trabalhadores e das trabalhadoras. “A gente se propõe a cobrir fatos que a grande mídia não cobre. Aquilo que é importante para a vida dos trabalhadores, mas que eles não vão encontrar nos grandes jornais, nos grandes noticiários. Também cobrir os fatos que aparecem na grande mídia, mas a partir de uma outra perspectiva”, pontua.
Para Geraldo Soares, diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Artefatos de Borracha de Pernambuco (Sindiborracha), o jornal é um instrumento importante a favor dos operários na luta de classes. “Ele fala não só da luta no geral, mas do movimento sindical, do movimento popular. Por isso é um meio de unificar o movimento sindical também. Acredito que todos os sindicatos, principalmente os que têm estrutura maior, deveriam contribuir mais com o Brasil de Fato Pernambuco. A cada 15 dias a gente distribui lá nas fábricas. É importante para os trabalhadores, que já estão habituados a receber o jornal e já ficam na espera”, comenta o sindicalista.
Nas estações de ônibus e metrô do Recife, a distribuição gratuita é feita por militantes de movimentos populares. Maria Eduarda Veríssimo tem essa tarefa desde o começo da circulação do jornal e fala da experiência: “o trabalho de distribuir jornal não é só entregar a folha, mas abrir uma porta para fazer a classe trabalhadora enxergar coisas que não enxergam no cotidiano por causa da mídia hegemônica. A gente se diverte com pessoas que atravessam a pista e dizem ‘ah, o Brasil de Fato, eu quero um’, ou então gente que, quando dizemos que é o Brasil de Fato, acha legal e passa a conhecer e esperar”. Lenilda Sobreira, 78 anos, é leitora assídua e afirma que o jornal contribui ao trazer mais conscientização. “Ele traz mais conscientização da situação, da política nossa. Em geral, é muito bom, me traz muito conteúdo. Eu dou muito valor a esse jornal. É muito esclarecedor, porque divulga para a gente a realidade, aquilo que os outros jornais não divulgam. Então eu gosto muito”, afirma a senhora.
Cristiane Albuquerque, dirigente estadual do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), observa que o jornal cumpre um papel importante na atual conjuntura. “Para os trabalhadores e trabalhadoras que não estão organizados em movimentos ou sindicatos o Brasil de Fato cumpre o papel da própria informação. O jornal tem cumprido essa tarefa no momento que o Brasil está passando, de informar a população pernambucana quais são as consequências do golpe e dessas reformas”, reflete.
Sistema Brasil de Fato
O Brasil de Fato foi lançado no dia 25 de janeiro de 2003, durante do Fórum Social Mundial de Porto Alegre, por movimentos populares que viam a democratização da comunicação como fundamental na luta por uma sociedade justa e fraterna. O jornal circulou por mais de dez anos como um semanário impresso nacional, fazendo coberturas das lutas do nosso povo, entrevistas e diversas matérias sobre política, economia, direitos humanos e cultura.
A partir de maio de 2013 o Brasil de Fato foi regionalizado, com jornais impressos em Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O objetivo era aproximar os leitores e leitoras e dialogar com as realidades locais, contribuindo no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país.
Edição: Monyse Ravena