Numa visita a diferentes lugares, sejam cidades, comunidades ou vilarejos, as paisagens, os sabores, os cheiros e sotaques são aspectos marcadores da cultural local. Em Pernambuco, residentes e turistas dispõem de uma vasta e diversificada culinária. Do Litoral ao Sertão, quem gosta de saborear pratos típicos regionais aproveita mesa farta desde o café da manhã até o jantar. Tapioca, bolo de rolo, bolo Souza Leão, buchada, sarapatel, chambaril, dobradinha, cozido e carne de bode são algumas das opções.
O bolo de rolo e o Souza Leão já são Patrimônio Cultural e Imaterial de Pernambuco. O primeiro é um bolo em camadas finas de pão-de–ló e recheado com goiabada (no caso do tradicional). Receita pernambucana, ele deriva do bolo português colchão de noiva, que foi sofrendo modificações por falta dos ingredientes aqui no Nordeste. Hoje, o produto é vendido para todos os estados brasileiros.
Maria José da Silva Santos aprendeu a fazer o bolo de rolo com a irmã, que produzia para vender. “Eu aprendi a fazer e comecei a vender também. Só que não consegui dar seguimento a esse ramo das vendas, porque eu sou melhor fazendo. Sei pouco vender. Então, eu faço às vezes quando as pessoas me pedem”, conta Maria. É nas folgas que ela dá conta dos pedidos. “Quando algum amigo pede ou alguém que comeu e me liga perguntando se tenho bolo. Faço por encomenda”.
A receita passada pela irmã é a que ela mantém até hoje, 10 anos depois, modificando apenas alguns recheios, como ela nos conta: “meu preferido é o tradicional de goiaba. Mas eu faço de doce de leite, limão e de doce de leite com ameixa também. É um bolo muito delicado que nem todo mundo consegue fazer. Tem muitos detalhes. Se você fizer alguma coisa diferente, ele não fica no ponto. Ele é minucioso, principalmente no ponto de cozimento e na hora de enrolar”.
Para os adeptos da carne, opções não faltam. Em Petrolina, um grande espaço é destinado para consumo da carne de Bode. O “Bodódromo” foi criado em 2000 e é conhecido por ser o maior complexo gastronômico da América Latina especializado nessa carne. O médico Pedro Diniz mora em Petrolina há quatro anos e frequenta o espaço gastronômico. Ele explica que a carne de Bode tem um valor não só culinário, mas também cultural.
“O Bode tem um valor cultural muito grande aqui na região. Faz parte da identidade local. Ele representa não só o meio de alimentação, de sobrevivência, mas é também símbolo da resistência local. Diante das condições climáticas e de criação, o bode é um animal muito resistente, que come praticamente de tudo, até cactos. Então ele é um animal que resistiu e, obviamente, os pequenos agricultores e criadores se valeram dele para sobreviver ao longo dos anos. Além do sabor, do valor culinário, existe esse valor simbólico muito interessante na carne de bode”, comenta Pedro.
Segundo Pedro, o Bodódromo é um local para apreciar comidas e música local. “É um espaço bem grande, que congrega vários restaurantes. Eles aproveitam e colocam música ao vivo, forró. Então é um ponto de encontro não só para as pessoas daqui, mas para os turistas, que podem escolher entre vários restaurantes para comer”, observa.
Edição: Monyse Ravena