Acordar cedo. Ajeitar a casa. Ir para o Trabalho. Voltar para casa. Pagar conta. Resolver mil problemas. E depois dormir para acordar cedo e recomeçar tudo novamente. A nossa rotina no dia-a-dia normalmente é tão pesada que esquecemos de nos preocupar com o que estamos comendo.
Se o Brasil possuiu durante décadas uma imagem associada a miséria e desnutrição, hoje podemos dizer que esta situação se inverteu. Dados recentes apontam que mais da metade da população brasileira está acima do peso e que 2 em cada 10 pessoas são obesas. Esta é uma situação que gera impactos importantes na saúde em geral da população e merece muitos cuidados.
Entre outros fatores, o aumento na renda do trabalhador e da trabalhadora vivenciado em boa parte da década passada foi responsável por um maior poder aquisitivo que se converteu também em mais alimentos na mesa das famílias brasileiras.
Mas a grande verdade é que comer muito não é sinônimo de comer bem. E de uma maneira em geral, comemos muito mal. Comer bem significa comer de forma equilibrada de acordo com as necessidades do nosso organismo.
Um outro fator importante é a propaganda. Somos bombardeados o tempo inteiro com propagandas de redes de lanchonetes, de alimentos processados e bebidas açucaradas nos fazendo lembrar e nos conduzindo a refeições sempre lotadas de todos os tipos de açúcares, e outras substâncias, que não nos fazem nada bem.
Só para se ter uma ideia, a quantidade de açúcar presente em uma simples latinha de refrigerante é de 37g, enquanto a dose máxima recomendada de açúcar para um dia inteiro é de 25g.
E qual a solução?
A solução para este grave problema não é tão simples. Exige medidas individuais, mas exige também medidas coletivas.
Dentre as medidas individuais, mais do que nunca é importante conhecer o que estamos comendo. A regra é simples: quanto mais natural e menos industrializado, melhor. E sempre que possível, evitar colocar açúcar em comidas e bebidas. Preparar e cuidar dos alimentos em casa exige tempo e esforço, mas deve ser encarado como um investimento na nossa saúde e de nossa família.
No campo coletivo, o trabalho com políticas públicas é essencial. É preciso que haja estímulo para a produção de alimentos orgânicos e saudáveis. A sociedade exige isso e certamente as futuras gerações agradecerão.
*Aristóteles Cardona Júnior é Médico de Família no Sertão pernambucano, Professor da Univasf e militante da Frente Brasil Popular de Pernambuco.
Edição: Monyse Ravena