Desde pequenos somos acostumados a ouvir que o Brasil é um país pacífico, que o povo brasileiro é tranquilo e alegre, e que nossa história é marcada por momentos de cooperação e troca com outros povos. É assim quando se conta a “descoberta” do Brasil pelos europeus, e como estes foram amigáveis ao trazer presentes para os índios, é assim quando se diz que nossa independência foi conquistada pela vontade de um único homem, ou quando a bondosa Princesa Izabel deu aos negros escravizados a liberdade, conta-se que Pernambuco era a capitania mais lucrativa e que figuras como Duarte Coelho e Maurício de Nassau foram grandes nomes da nossa história.
Mas, durante todo este tempo, onde estiveram os valentes índios Cariri que bravamente lutaram e morreram pelas mãos do português invasor? Para onde foram os ex-escravos que após a abolição foram postos na rua sem casa, sem emprego, sem direitos? Por que mataram Zumbi? Por que Canudos? Onde estão os desaparecidos da ditadura militar? Onde estão seus carrascos?
A história contada pelos poderosos sempre escondeu a participação do povo brasileiro nas lutas, na resistência e nas vitorias. Os que dominam zombam de nós ao afirmar que “o povo brasileiro não tem memória histórica”. Mas a pergunta que fica é: como será contada a história dos dias atuais?
O Brasil passa hoje por uma profunda crise do sistema político, corrompido pela relação danosa entre empresas privadas e o Estado nacional. Para piorar, a burguesia deu um golpe contra a democracia e contra todos os trabalhadores, quando retirou do poder uma presidenta eleita pela vontade popular.
Mas é também nestes tempos turbulentos que se abre a possibilidade de fazermos nossa própria história. Os golpistas entraram em desacordo, quando a Rede Globo junto ao judiciário (STF e MPF) se colocaram a favor da saída de Michel Temer, não pelos males que seu governo tem causado ao povo e a democracia, lembremos que a Globo encabeçou o impeachment da Dilma e tenta todos os dias incriminar Lula, mas sim para que o congresso, com maioria dos deputados e senadores envolvidos em corrupção, escolha um novo presidente para fazer aquilo que o Temer não conseguiu, aprofundar as reformas contra os trabalhadores e destruir qualquer reação popular nas ruas. Assim como no passado, a elite tenta mais uma vez esconder o povo da história.
Portanto, com a real possibilidade de queda do Presidente ilegítimo, o povo deve ir às ruas para exigir Diretas Já. Só eleições diretas podem tirar o Brasil da atual crise, recuperar a democracia e acabar com os planos dos poderosos que nos colocaram nesta situação.
Não podemos permitir que mais uma vez empresários e juízes decidam os rumos de um país. Só os trabalhadores e as trabalhadoras podem decidir o que é melhor para o povo. Façamos ecoar nossas vozes, nosso desejo de dias melhores. As Eleições Diretas começam nas ruas, nosso palco, nossa casa. Que a população decida.
Diretas Já!
Edição: Redação