Entre os dias 17 de agosto e 05 de setembro o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva percorreu 4.900 km indo da Bahia ao Maranhão na Caravana Lula pelo Brasil. Foram 60 cidades. De acordo com o próprio Lula, a Caravana teve como principal objetivo vivenciar o grande desenvolvimento pelo qual a região passou durante os 13 anos de governo do Partido dos Trabalhadores (PT). E, principalmente, entender de que forma o Nordeste vem sofrendo com os desmontes sociais do governo de Michel Temer, exatamente um ano depois do golpe que tirou do poder a presidenta Dilma Rousseff e aprovou uma série de medidas que restringem o investimento em políticas públicas, flexibilizam os direitos dos trabalhadores — como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55 e a reforma trabalhista.
Por todo o percurso o ex-presidente foi recebido com muito carinho e, sobretudo, com muita confiança pelo povo do Nordeste. Na última quarta-feira, certamente, Lula encarou seu segundo depoimento ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, fortalecido com os milhares de abraços que recebeu por estas terras. Também em Curitiba, o povo e os movimentos populares se organizaram para recebê-lo e um cordão humano foi formado no caminho que o levaria ao depoimento.
Durante a Caravana pelo Nordeste, as principais mudanças por que a região passou na última década eram constantemente lembradas. Entre elas a interiorização das Universidade e Institutos Federais, a implementação de cisternas para o armazenamento de água, a distribuição de renda em programas como o Bolsa Família. Em Curitiba, no ato após o depoimento, Lula afirmou: “Cometi um erro imperdoável para a elite: fiz com que durante 12 anos o salário mínimo aumentasse 84%”.
Afora os avanços, os governos do Partido dos Trabalhadores também cometeram muitos erros, talvez o mais lembrado seja a aposta na conciliação de classes, mas sabemos que não são pelos erros que as elites, o judiciário e a mídia tentam diariamente condenar Lula. Nesse momento, a condenação e inabilitação de Lula na disputa eleitoral de 2018 representa uma derrota estratégica para toda a esquerda brasileira e é por isso que a defesa do ex-presidente é pauta prioritária dos movimentos populares e da maioria dos partidos de esquerda.
Porém, é preciso que possamos entender e que seja dito e repetido, é o povo quem está defendendo Lula, são os pobres, é a classe trabalhadora e a esquerda brasileira, não são empresários, nem latifundiários, nem delatores que acreditam na sua inocência. São negros e negras, LGBT’s, mulheres que querem, em 2018, construir novamente uma campanha com a cara do povo brasileiro, colorindo de vermelho as ruas e os corações.
Difamado dia após dia pela mídia hegemônica, réu em primeira instância pela Operação Lava Jato e aguardando a decisão de segunda instância que pode barrar sua candidatura em 2008, Lula encontrou na Caravana pelo Nordeste e nas ruas de Curitiba o apoio e o reconhecimento que são essenciais nesse capítulo da luta de classes vivido por ele e por todo nós.
Não é hora de titubear: eleição sem Lula é fraude!
Edição: Monyse Ravena