Tem início nesse fim de semana o a Série A2 do Campeonato Pernambucano de futebol profissional. A segunda divisão estadual traz de volta aos gramados equipes que já fazem parte do folclore do futebol local, como o “pior time do mundo”, o Íbis. O torneio deste ano promete ser mais duro, porque só uma das equipes terá direito à vaga na divisão principal de 2018. O título ou nada. A principal ausência no campeonato fica por conta do Sertão, que não contará com qualquer clube no torneio classificatório deste ano.
Dez times disputam a Série A2. Da Região Metropolitana, disputam Cabense, Ferroviário do Cabo (ambas do Cabo de Santo Agostinho) e o Íbis (que manda seus jogos em Paulista). Da Zona da Mata participam Vera Cruz (de Vitória), Centro Limoeirense (de Limoeiro), Decisão (de Bonito) e Chã Grande (da cidade homônima). E da região Agreste participam o Porto (Caruaru), o Sete de Setembro (Garanhuns) e o Pesqueira (cidade de mesmo nome).
As equipes estão distribuídas em dois grupos de acordo com a proximidade geográfica. No Grupo A estão Cabense, Ferroviário, Íbis, Centro Limoeirense e Vera Cruz. No Grupo B jogam Decisão, Porto, Sete de Setembro, Chã Grande e Pesqueira. Na primeira fase os clubes jogam partidas de ida e volta dentro dos grupos, totalizando 10 rodadas em que cada equipe joga 8 jogos e descansa dois. Ao fim da primeira fase, a pior equipe de cada grupo é eliminada, enquanto as demais passam às quartas de final, onde jogam em sistema mata-mata, com partidas de ida e volta.
Na rodada de abertura temos Decisão x Pesqueira às 15h deste sábado (17), no Arthur Tavares de Brito, em Bonito; Sete de Setembro x Porto às 15h do domingo (18), no Gigante do Agreste, Garanhuns; e também no domingo temos Centro Limoeirense x Cabense às 15h, no José Vareda, Limoeiro; e Íbis x Vera Cruz às 16h, no Ademir Cunha, cidade de Paulista.
Com orçamentos apertadíssimos, as equipes montaram elencos modestos e deram início à preparação nos últimos dois meses. Um dos nomes mais conhecidos e que está de volta ao futebol pernambucano é o do meia Rosembrick (foto abaixo), 38, anunciado pela Cabense. Revelado pelo Santa Cruz, o “Mago da Bola” passou por Palmeiras, Sport, diversos clubes do interior de Pernambuco e estava no futebol amazonense.
Mas a principal estrela do campeonato veste a camisa alviverde do Sete de Setembro. O atacante Araújo, 40 anos, maior artilheiro da história do Goiás, com passagens por Cruzeiro, Fluminense, Náutico e Atlético Mineiro – onde atuou em 2013 ao lado de Ronaldinho Gaúcho –, o veterano é a principal aposta do ataque do Lobo Guará. Araújo, que ficou conhecido como “Samurai” ao marcar 41 gols em 46 jogos pelo Gamba Osaka, do Japão, havia anunciado sua aposentadoria após o Pernambucano de 2016, quando defendeu as cores de seu primeiro clube, o Central de Caruaru. Mas decidiu voltar aos gramados.
Além do experiente centroavante, o clube de Garanhuns também trouxe o atacante Diogo Capela, 31, com passagens por Remo, Campinense e Araripina; além de atletas jovens, com idade entre 21 e 23 anos e que já possuem alguma rodagem pelo futebol local, como o goleiro Denison, o zagueiro Thomaz e o atacante Gildo, que atuaram pelo Central no Pernambucano e Série D deste ano; além do lateral direito Guilherme Escuro, ex-Vera Cruz, Vitória de Santo Antão e Afogados. O clube está apostando no trabalho da dupla de jovens técnicos chilenos Javier Diaz e Macarena Deichler.
Já o centenário Centro Limoeirense aposta nos gringos dentro de campo. O Dragão de Limoeiro trouxe quatro para a disputa da vaga na primeira divisão estadual: o colombiano Cristian Pollo, os peruanos Ian e Mendoza, além do atacante “Nigéria”, do país homônimo. Entre os brasileiros, o clube destaca a chegada do lateral-esquerdo Fabinho (ex-Sport e Vitória-BA). O Vera Cruz contratou os goleiros Lucas (Ex-Bonsucesso-RJ) e Samuel (ex-CRB), os zagueiros Ney (ex-Náutico-RR) e Reis (ex-América-PE), além de jovens atletas como Paulo, da base do Santa Cruz; o atacante Bambam, cria da base do Sport, mas com passagens por América, Ypiranga e Boa Esporte. Mas a principal aposta da base do Vera Cruz David Henrique, de apenas 18 anos.
O Decisão trouxe alguns nomes conhecidos do futebol pernambucano. Chegaram o volante Naldinho, 27 anos, cria da base do Porto e com passagens por Sport e ABC-RN, disputou a Série D deste ano pelo Central; e o também volante Eduardo Erê, com 29 anos, cria da base do Náutico e com passagem pela Chapecoense, estava disputando divisões inferiores do Paulistão pelo União Barbarense; e o meio-campo Tarcísio, 24 anos, ex-Sousa-PB, Botafogo-PB e Atlético-PE. Na zaga, destaque para Danilo Quipapá, 23, cria do Náutico que tem atuado em clubes locais, como Vera Cruz, América e Belo Jardim. O comando técnico fica por conta de Edson Leivinha, com anos de trabalho no Náutico, Sport e clubes do interior do estado.
Já em Paulista, o Íbis promete lutar pelo título da competição. O clube, que completa 80 anos em 2018, quer comemorar a marca jogando a divisão principal do estadual. Para tanto, anunciou as contratações do experiente meia-atacante Bebeto, de 40 anos, com passagens por Paraná, CRB, Brasiliense e Serra Talhada; o lateral-direito Ibson, ex-Vitória de Santo Antão; e o goleiro João Henrique, da base do Sport.
A última vez que o “Pior time do Mundo” venceu um jogo foi em setembro de 2015, ao superar o Timbaúba por 2x0. Naquele mesmo ano o clube batou o mesmo adversário com um histórico 8x2. Mas o Íbis já soma dois anos de jejum. Por outro lado, o Pássaro Preto tem o retrospecto positivo de estar há 16 anos jogando a Série A2 do estadual. Sim, “positivo” porque outras equipes tradicionais do estado que estão de fora da divisão principal acabaram se endividando abriram mão de jogar o campeonato.
É o caso do tradicional Ypiranga, de Santa Cruz do Capibaribe. A Máquina de Costura está com uma pendência de R$ 580 mil, entre dívidas trabalhistas e tributárias, o que fez com que o clube abrisse mão de disputar o Pernambucano A2. Um grupo de trabalho foi montado, unindo diretoria e torcedores, para “resgatar” o clube para 2018.
Campeonato sem Sertão
A equipe sertaneja do Araripina, que se tornou figurinha carimbada nos campeonatos estaduais, também não vai disputar a Série A2 deste ano. Repetindo 2016, o Bode anunciou não ter condições financeiras de encarar o campeonato.
Por motivos diferentes, os dois clubes da Capital do Sertão estão fora da disputa da Série A2 do estadual. Em 2016 o 1º de Maio e o Petrolina não tinham condições financeiras de competir, mas este ano a não participação da dupla se dá à falta de estádios regularizados. O estádio Paulo de Souza Coelho não obteve os laudos necessários para sediar a competição.
O 1º de Maio montou elenco, comprou transporte para deslocar os atletas e estava treinando para a disputa do torneio. Terá que dispensar os atletas. Já o Petrolina não terá prejuízos, já que disputaria a Série A2 apenas "dando a camisa", já que os atletas seriam os jogadores da base do Juazeirense, equipe da cidade vizinha, na Bahia.
Tradicional estádio Gigante do Agreste volta a receber jogos profissionais após 3 anos. Campo é a casa do Sete de Setembro.
Edição: Monyse Ravena