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Jessy: "A expansão das Universidades foi uma grande vitória da juventude brasileira"

Em entrevista, a vice-presidenta da UNE fala dos riscos no cenário de congelamento de gastos impostos por Temer

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Jessy Dayane é estudante de Direito, vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) e militante do Levante Popular da Juventude
Jessy Dayane é estudante de Direito, vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) e militante do Levante Popular da Juventude - Julia Dolce

A sergipana Jessy Dayane, é estudante de Direito, vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) e militante do Levante Popular da Juventude.

Em entrevista realizada durante a Caravana Lula pelo Brasil, Jessy conversou com o Brasil de Fato Pernambuco sobre o processo de ampliação e interiorização das Universidades Públicas no Brasil e sobre as pautas relacionadas a Assistência Estudantil defendidas pela UNE.

Brasil de Fato: O que significa para um jovem do povo conseguir chegar na Universidade?

Jessy Dayane: Historicamente, nós fomos excluídos desse espaço educacional e acessar é como se a gente conseguisse caminhar 20 ou 30 anos à frente da história do nosso país. Passamos séculos sem conseguir acessar esse espaço e é a oportunidade do jovem ter uma melhor qualificação para quando entrar no mercado de trabalho ter um trabalho digno. Para mim a expansão das Universidades foi uma grande vitória do conjunto da juventude brasileira embora ainda seja aquém do que precisamos, uma grande da quantidade de jovens ainda fica fora da universidade. Então por isso que para nós essa é uma luta permanente, a luta pelo acesso ao ensino superior, ao conhecimento produzido pelo povo com dinheiro público e que deve estar a serviço dessa juventude e do povo brasileiro.

BdF: O nível de evasão nas Universidades Públicas ainda é muito alto. Qual a relação da evasão com as políticas de assistência estudantil e quais os desafios nessa área?

Jessy: A média de evasão é de 40%, para nós isso é uma expressão de como a política de acesso ela foi efetiva, as pessoas tem conseguido entrar na Universidade, mas ainda falta garantirmos a política de permanência, que faz com que quem entre consiga concluir sua graduação. Muitas coisas acontecem no caminho dos estudantes, desde a família, gente que cria família no meio e que precisa ir para o mercado de trabalho, até quem não tem condições de conciliar o trabalho com a Universidade, porque muitos estudantes são trabalhadores Se tivesse política de assistência estudantil mais efetiva e que abarcasse tudo que precisa, essas pessoas optariam por concluir sua graduação e não por abandonar. Isso permanece sendo desafio no Brasil, embora a gente tenha ampliado um pouco o acesso, mas permanece o desafio de conseguirmos com que esses jovens consigam se formar.

BdF: Quais são as pautas concretas da Assistência Estudantil que a União Nacional dos Estudantes (UNE) tem reivindicado?

Jessy: Temos as pautas que representam um direito universal para o conjunto dos estudantes ou para um conjunto de sujeitos específicos. O restaurante universitário, é uma pauta universal, para o todo da Universidade e é política de assistência estudantil; biblioteca que tenha suporte para abarcar o conjunto da universidade, também é uma política universal da assistência estudantil. Existem as políticas específicas para os sujeitos como o residente, que é quem vem do interior estudar na capital ou é de outro estado e muda de estado para estudar e precisa de residência para morar, essa é uma pauta específica; as políticas como creches para as mães. Reivindicamos que a bolsa na Universidade deve ser bolsa-estudo, deve ser para estudar e não para cumprir um serviço, porque se o jovem precisa ter acesso ao ensino, pesquisa e extensão, então se ele recebe uma bolsa para trabalhar ele não vai ter acesso ao tripé. É esse conjunto de políticas que reivindicamos que a Universidade deve garantir, que dê conta do transporte, alimentação, material didático, porque quem estuda não precisa só da sala de aula, precisa chegar na sala de aula, precisa ter material didático e precisa ter algum dinheiro para sobreviver, no caso de quem não tem ajuda da família para se sustentar, então para nós a política de assistência estudantil tem que abarcar esse conjunto de necessidades.

BdF: Você acha que as política de expansão da Universidade está ameaçada?

Jessy: Acho, por que com a aprovação, no governo Temer da medida que impôs o congelamento por 20 anos dos recursos públicos, a consequência direta na educação é não ter recursos para manter essa Universidade grande do jeito que ela está hoje, essa é uma ameaça ao processo de expansão e ampliação, assim como a manutenção do que já foi feito, porque se a gente avalia que cresceu, mas precisa de política de permanência, como é que você garante política de permanência sem recurso?

Edição: Monyse Ravena