A destruição do patrimônio histórico construído não deveria interessar a nenhum recifense. Em cada bairro, podemos nos deparar com um pedaço de nossa história e nossa cultura, contada através dos diversos imóveis espalhados. Revisitamos, assim, os modos de vida e os costumes de diversas épocas.
A riqueza é tanta, que deveria ser obrigação de todo recifense preservar e conservar nossos imóveis. Nossas pontes e demais monumentos guardam um valor incalculável.
O Recife é um dos pioneiros em legislação urbana. Graças à visão de engenheiros e arquitetos de vanguarda, como Edgar D´Amorim e José Luiz da Mota Menezes, contamos com leis que preservam nosso patrimônio.
Na década de 1970, tínhamos dispositivos legais que protegiam os edifícios históricos. Infelizmente, retrocedemos e diversos avanços foram suprimidos, em nome de uma maior ocupação dos terrenos.
Devemos levar em conta que os materiais utilizados nas construções possuem uma vida útil e podem, com o passar do tempo, apresentar patologias próprias do desgaste natural pelo uso e por fatores ambientais. O clima úmido e a proximidade do mar contribuem na aceleração desses desgastes. É imprescindível, portanto, uma manutenção permanente de tais construções, seja preventiva ou corretiva.
Toda manutenção, por sua vez, tem um custo. Seja no emprego de materiais, seja na contratação de mão-de-obra qualificada. E, quando se dá em prédios históricos, este custo é mais elevado, sendo, muitas vezes, inviável para os proprietários. A consequência é a transformação de prédios de alta riqueza arquitetônica em ruínas.
Então, como despertar o interesse do proprietário em manter este imóvel?
Todo processo deve começar a partir de um planejamento urbano, onde a valorização dos sítios históricos sejam prioridade. Em vez de bairros abandonados, como acontece no Recife, precisamos que eles sejam dotados de transporte e segurança públicos, com infraestrutura urbana de energia, água e esgoto ideais. Valorizando os bairros, valorizaremos, consequentemente, o imóvel.
O permanente abandono das áreas históricas recifenses transforma a memória de um povo em sobrados descaracterizados, abandonados, transformados em ferro-velho, cobertos de rachaduras, podendo desabar a qualquer momento.
A mudança é possível. É preciso haver interesse e persistência do poder público, em parceria com a conscientização da sociedade.
Edição: Monyse Ravena