Pernambuco

POLÍTICA

“Nós estamos sofrendo um golpe de classe”, afirma presidente da CUT PE

Carlos Veras também defendeu Marília Arraes como candidata ao governo estadual pelo PT

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Natural de Tabira (PE), Veras foi sindicalizado no Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município e hoje é presidente da CUT Pernambuco
Natural de Tabira (PE), Veras foi sindicalizado no Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município e hoje é presidente da CUT Pernambuco - PH Reinaux

Carlos Veras é natural da cidade de Tabira, no sertão do Pajeú. Trabalhador rural desde a infância, organizou-se no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de seu município e hoje é presidente da Central Única dos Trabalhadores, em Pernambuco. Na entrevista, Veras aborda temas como o 1º de Maio, a Reforma Trabalhista, a possibilidade de candidatura própria do PT em Pernambuco e o aniversário do Brasil de Fato PE.

Brasil de Fato: O que representa esse primeiro de maio para a classe trabalhadora?

Carlos Veras: Este primeiro de Maio é “o primeiro de Maio”, porque estamos em um processo de disputa muito grande entre um projeto da classe trabalhadora e um projeto neoliberal, que através de um golpe passa a governar o país e impede a continuidade de um governo popular. Além de nossos direitos, também as nossas lideranças passaram a ser atacadas. Tem muitos companheiros que estão à frente do MST sendo assassinados, perseguidos ou presos. Teve a companheira Marielle, no Rio de Janeiro, que foi executada, fruto dessas manobras do golpe e da intervenção militar. Então, esse primeiro de maio requer muita mobilização, e aqui em Pernambuco nós vamos fazer do litoral ao sertão vários atos em diversos municípios. Em Recife vamos ter um ato público na Praça da Democracia (Derby), a partir das 8h. As centrais sindicais convocaram o ato nacional para Curitiba e vamos com uma delegação daqui de Pernambuco. O tema deste ato é “Lula Livre, contra a Reforma da Previdência e pela revogação da Reforma Trabalhista".

Quais foram as reformas aprovadas atualmente que impactam diretamente na vida dos trabalhadores?

A reforma trabalhista muda muito a vida do trabalhador, porque agora ele não tem mais a proteção das leis trabalhistas. O trabalhador hoje está vulnerável, está refém do seu patrão. O patrão vai poder negociar com ele livremente e vai poder fazer acordo individual. Qual é o trabalhador que tem capacidade de fazer um acordo individual com o seu patrão, principalmente quando o índice do desemprego bate recorde? Os trabalhadores estão com medo e preocupados em não perder os seus postos de trabalhos, mesmo tendo redução dos salários, mesmo perdendo férias, décimo terceiro, FGTS, mesmo perdendo direitos importantes e que eram consolidados para a classe trabalhadora. As novas regras da lei trabalhista criam um processo de precarização muito grande, de terceirização nas atividades fins. Nós estamos sofrendo ataques permanentes, por exemplo, com a homologação feita dentro da empresa. Qual a garantia que o trabalhador tem? É importante que o trabalhador procure a sua entidade de classe, procure o seu sindicato para conversar antes de assinar qualquer documento. 

O que você diria para o povo como programação do dia primeiro de maio?

Nesse país não há um só direito, uma só conquista sem a participação ativa dos trabalhadores. O primeiro de Maio não é um dia de férias. Não é um dia para o trabalhador ir para casa descansar; isso é o que tentam dizer os patrões. O primeiro de Maio nasce de luta, do sangue, de determinação de muitos companheiros e companheiras para que seu dia não fosse descontado, para que você não sofresse a pressão e o assédio moral do seu patrão. Por isso nós conseguimos em lei o primeiro de Maio, para 'a gente' fazer muita luta, para ser um dia de resistência, um dia para colocar em evidência nossas pautas e reivindicações. Então participe no seu município. Muitos municípios do estado de Pernambuco estão se mobilizando, ou para fazer no seu próprio município ou para fazer um regional. E quem for da Região Metropolitana venha para Recife, para a Praça da Democracia; venha para a Praça do Derby para podemos fazer um grande 1º de Maio por Lula Livre, em defesa da revogação da Reforma Trabalhista e contra a criminosa Reforma da Previdência.

O Brasil de Fato Pernambuco está completando dois anos e queríamos saber qual a importância dessa ferramenta para a classe trabalhadora?

O Brasil de Fato é uma ferramenta hoje já muito utilizada pelas organizações do movimento sindical, e os nossos dirigentes sindicais têm compreendido o Brasil de Fato como uma ferramenta da classe trabalhadora. Ele é um instrumento de contraponto à mídia golpista, aos grandes meios de comunicação, que tentam manipular, que tentam induzir os trabalhadores e trabalhadoras tentando colocar um rito, tentando colocar na cabeça do povo brasileiro e do povo pernambucano a versão deles. O Brasil de Fato tem se contraposto a tudo isso. É bom sempre lembrar: nós estamos sofrendo um golpe de classe, por isso as nossas ferramentas da luta de classe são fundamentais. E você ouve, lê essa versão onde? Só na ferramenta da classe trabalhadora que é o Brasil de Fato, onde você vai poder ler e encontrar uma notícia que coloque os verdadeiros motivos que estão por trás da prisão do presidente Lula. Nós, da CUT, temos muito orgulho de participar e de ajudar a consolidar essa ferramenta de luta da classe trabalhadora. 

Existe muita especulação de uma candidatura própria do Partido dos Trabalhadores (PT) ao governo do estado aqui em Pernambuco. Como está esse processo e o que você defende neste cenário? 

O PT está cumprindo o seu rito interno. Ele não é um partido que tem um dono e que chega e decide para onde o partido vai. O maior legado do PT são seus filiados, suas instâncias; inclusive, o prazo para registro de teses em defesa de alianças a outros partidos venceu no dia 23 de fevereiro. Nós estamos agora definindo dentro quem será o representante do partido para a disputa eleitoral para o Governo do Estado. Nós temos três pré-candidatos: Odacir Amorim, Zé de Oliveira e Marília Arraes. Todos os três foram considerados aptos pela direção estadual para que no dia 12 de maio, no encontro estadual, a gente decidida quem será o candidato. E estamos trabalhando para, até o dia 12, chegar com um nome só. Nós defendemos o nome da companheira Marília Arraes, que está pronta para representar o PT nessa candidatura ao governo do estado.

Edição: Catarina de Angola