O "Em Canto e Poesia" é um grupo formado por três artistas de São José do Egito, conhecida como a terra dos poetas. Os três são da família Marinho. Antônio, mais conhecido como Marinho, Greg e Miguel. O trio, jovem na idade, está ligado pela ancestralidade sertaneja, bebendo da herança do cordel, da cantoria e da poesia. O grupo se apresenta como filhos de Bia Marinho e netos de Lourival Batista, mais conhecido como Louro do Pajeú. Confira!
Brasil de Fato: Qual a influência de Louro do Pajeú no trabalho de vocês?
Em canto e poesia: Louro é o ponto mais distante da ancestralidade que nós conseguimos tocar, apesar de ela vir de antes, desde o final do século 18, com a aparição dos primeiros repentistas no nordeste. O aparecimento desses repentistas nos traz já essa ancestralidade porque já são pessoas da nossa árvore genealógica, que vem aí a quatro ou cinco gerações, onde a cantoria é forte no sertão do Pajeú, em Pernambuco e no Cariri, na Paraíba, e a gente vem dessa história. O ambiente é um catalisador, ele não determina, nem fabrica poetas. Não é porque se é filho ou neto de poeta que se é poeta.
Vocês podem falar um pouco da relação de vocês com São José do Egito, conhecida como “cidade dos poetas?
A casa de Louro criou essa atmosfera do repente e da amizade. Essa cultura da poesia era muito facilmente disseminada em São José, as crianças cresciam já dizendo verso. No dia a dia, nossa avó jogava com essa ideia da palavra, ensinava um verso no almoço para a gente dizer de noite. O dia seis de janeiro na casa de Louro era uma grande reunião de poetas. Disso tudo tem uma influência estética também, nós não temos um estilo predominante, nem musical, nem poético, nós cantamos e compomos de várias formas e com vários estilos, mas a predominância é a rima e a métrica vindas da cantoria, da poesia oral, da embolada, dos estilos da poesia popular nordestina.
Para vocês qual o papel do artista quando temos retrocessos na política de um país?
A arte – como a que nós fazemos – é a busca do embelezamento da verdade, é a recriação da verdade. É querer ver o real pelo belo, por isso, quando vemos tantas coisas serem falseadas, naturalmente, essa verdade que a arte quer embelezar e recriar, já se impossibilita, porque existe um grande choque.
Edição: Monyse Ravenna