Pernambuco

ELEIÇÕES

Apoiar o PSB nesses termos é “se submeter por migalhas”, critica Teresa Leitão

Deputada e integrante do Diretório Nacional critica condução de aliança com o PSB em Pernambuco

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Teresa Leitão avalia que ao abrir mão da candidatura de Marília Arraes o PT tem mais perdas que ganhos
Teresa Leitão avalia que ao abrir mão da candidatura de Marília Arraes o PT tem mais perdas que ganhos - Comunicação Marília Arraes

A deputada estadual Teresa Leitão (PT), defensora da candidatura de Marília Arraes (PT) ao governo de Pernambuco, criticou a forma como foram conduzidas as conversas entre seu partido e o PSB em Pernambuco. A petista disse que os membros do partido não conhecem os termos acordados nacionalmente ou localmente com o PSB. “O que foi negociado pelos líderes do PT aqui do estado? Nós não sabemos. Não sabemos nada sobre a discussão da vaga do partido na chapa majoritária. Isso foi uma conversa pessoal e direta com o senador Humberto Costa? Também não sabemos o que foi discutido sobre as chapas proporcionais”, reclama Teresa. Ela descreveu como “ofensiva” a forma como a conversa tem sido conduzida.

Nesta quarta-feira (1º) a Executiva Nacional do PT decidiu em votação que o partido apoiaria as candidaturas do PSB aos governos dos estados do Amazonas, Amapá, Paraíba e Pernambuco - retirando, assim, o nome da vereadora Marília Arraes da disputa. Mas um grupo entrou com recurso para “recorrer” da decisão no caso de Pernambuco. Caso se confirme, o PSB, em troca, retiraria a candidatura de Márcio Lacerda ao Governo de Minas Gerais - favorecendo a reeleição de Fernando Pimentel (PT). E nacionalmente o PSB se compromete a ficar neutro na disputa presidencial, liberando seus estados a apoiarem quem bem entenderem.

A parlamentar também critica os termos do acordo, que, na sua avaliação, “é muito pouco”. “Neutralidade nem é posição política. Isso que eles oferecem a Lula é muito pouco. É o PT se submeter por uma migalha 'bichada'. E no momento que estamos vivendo o PT aceitar neutralidade como vitória é uma coisa estarrecedora”, lamentou a deputada.

A petista diz ainda estar sabendo de um breve diálogo entre o presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, e o presidente estadual  do PSB, Sileno Guedes, em que o petista teria abordado o tema da possível aliança e teria recebido como resposta um desdenhoso “façam do jeito que quiserem”. “Este é o tipo de compromisso que o PSB tem com o PT aqui no estado”, reclama a Teresa.

Em defesa da candidatura própria, Leitão coloca a competitividade e viabilidade do nome de Marília, mas também o fato de ser “a única aqui no estado que está fazendo a defesa de Lula”, mencionando que os únicos atos em defesa do ex-presidente e pré-candidato petista à Presidência terem sido organizados pela Frente Brasil Popular ou pela própria vereadora do Recife. “É importante que possamos levar isso adiante”, avaliou.

Teresa também refutou o discurso de “isolamento” da candidatura de Lula. “Uma candidatura que aqui em Pernambuco tem 67% está 'isolada'?! Isolada só da burocracia. Aqui no estado não é Lula que precisa sair do isolamento. Ele não será 'apoiado' pelo PSB e, sim, vai dar suporte a uma candidatura deficitária como a de Paulo Camara”, atacou.

Encontro Estadual, boicote e intervenção

Apessar da posição da Executiva Nacional, Teresa Leitão destaca que a decisão não é terminativa. “A Executiva é a instância decisória inferior do PT. Acima dela ainda temos o Diretório Nacional e, no caso eleitoral, ainda o Encontro Nacional”, explica. A reunião do Diretório ocorre na sexta-feira (3) e o Encontro ocorre no sábado (4). Mas antes a candidatura de Marília precisa ser referendada no Encontro Estadual, que ocorre nesta quinta-feira (2), a partir das 17h. Os 300 delegados eleitos do partido deverão decidir entre a candidatura própria ou uma aliança na eleição para o Governo do Estado.

A parlamentar está confiante que a tese da candidatura própria será vitoriosa, mas teme um possível boicote para que não haja delegados o suficiente para garantir o quórum mínimo ou mesmo um “golpe”. “Temos maioria no Encontro. E por isso os defensores da aliança não querem permitir que o Encontro ocorra. Já tivemos a denúncia de que eles estão ligando para os delegados e dizendo que 'não venham [para o Recife] porque não haverá encontro'. E sabemos também que o senador Humberto Costa está solicitando à Direção Nacional do PT que faça uma intervenção para suspender o Encontro”, disparou Teresa. “Se esse encontro for desconvocado, podemos caracterizar um golpe interno no partido, pois os delegados estão eleitos para decidir os rumos da tática eleitoral no estado”, avalia.

Questionada sobre a atuação do senador Humberto Costa (PT) para essa aliança, Teresa disse que o petista “já foi muito bom de voto, mas tem perdido a força política”. Mas, apesar disso, ela acredita que ele poderia ser reeleito numa possível chapa que tenha Marília Arraes para governadora. E fustigou o companheiro de partido. “É muito ruim a gente se realizar em cima da derrota dos outros. Mas se ele precisa da derrota de Marília para se realizar, que faça bom proveito”, disse.

Edição: Monyse Ravena