Nesta sexta-feira (10), tem início a Marcha Nacional Lula Livre que irá percorrer 50 quilômetros em cinco dias e sairá das cidades de Formosa (GO), Luziânia (GO) e Engenho das Lages (DF), em direção à Brasília (DF). Nas paradas ao longo da marcha, terão atividades de diálogo e debate, teatro, agitação e propaganda entre outras, como forma de dialogar com a sociedade.
A marcha é convocada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com o apoio de entidades que compõem a Frente Brasil Popular.
Para uma marcha acontecer, são muitas as dinâmicas que são organizadas para garantir uma boa estrutura e toda essa logística é pensada coletivamente e dividida por tarefas entre os militantes. Quem marcha precisa de uma estrutura que garanta, por exemplo, água na caminhada, dormida, cuidado com as crianças, acompanhamento médico, alimentação, entre outras necessidades. A alimentação é uma das mais importantes e a estrutura da marcha tem uma dinâmica bem organizada para isso.
Em julho, o MST de Pernambuco organizou a Marcha Lula Livre, Lula Inocente em defesa do ex-presidente e preso político Luiz Inácio Lula da Silva. A marcha também tinha a retomada da democracia como uma das pautas centrais. Percorrendo cerca de 120 quilômetros, de Caruaru, no Agreste, à capital Recife, mais de dois mil militantes marcharam em cinco dias. “A marcha tem a motivação interna do trabalho com a base, mas também de diálogo com a sociedade. Ela é local mas dialoga permanentemente com o contexto nacional”, explica Francisco Terto, da direção estadual do MST.
Na marcha em Pernambuco, mais de 50 pessoas de regionais do MST de todo o estado, do Sertão à Região Metropolitana, formaram à equipe responsável pela alimentação de todos que integravam à marcha. Era a equipe da cozinha. “A alimentação é uma parte fundamental na marcha, faz parte da saúde, você tem que se alimentar bem para não gerar problemas como diarreia, infecção intestinal e outras coisas mais. Tentamos organizar nossa estrutura nesse sentido, respeitando a cultura alimentar de cada região e também essa questão da saúde”, explicou Reginaldo Martins, que coordenou toda a equipe de cozinha durante a marcha estadual.
A equipe de cozinha é uma das que levanta mais cedo e dorme mais tarde. Na marcha estadual, assim que servia o café e o coletivo saia em caminhada, a equipe da cozinha organizava os utensílios de trabalho e seguia de transporte para a próxima cidade onde a marcha acamparia. Lá, já iniciava o preparo do almoço, se reunia para rever o planejamento, pensar o cardápio, dividir as tarefas. A equipe que integra a cozinha além de fazer as refeições, também é responsável por toda organização, lavam os utensílios e servem às refeições aos marchantes.
Cada regional leva a sua estrutura para a marcha – panelas, fogões, botijões de gás e parte dos alimentos utilizados no cardápio. O que significam que são muitas equipes de cozinha, que dividem todo o trabalho. Maria José, 68 anos, é de Serra Talhada. Conhecida como dona Dedé, ela milita há 12 anos no movimento e já participou de outras marchas com a tarefa da cozinha. “Dizem que é porque gostam do meu tempero”, diz ela sorrindo. Mas ela confessa que também gosta do seu tempero e de assumir essa atividade que considera essencial.
Esse também é um processo de aprendizado, que acontece durante todo o percurso. “A marcha é um processo de formação, tanto dos caminhantes como de quem participa do processo como um todo, pois todas as tarefas da marcha são importantes. Você, inclusive, vê as interações de quem cozinha, a troca dos diversos temperos. Inclusive, um faz um tempero, outra faz outro e chega ao final que todo mundo aprende um pouco com nossa marcha”, explica Reginaldo.
Para Lucineide Alves, estar nesta marcha e ser responsável pela cozinha tem também uma importância muito grande em defesa dos direitos de toda a população e por Lula. “O nome de Lula significa muito. A gente quer Lula livre”, diz.
OLHO 1: Respeitamos a cultura alimentar de cada região
Edição: Monyse Ravenna