Na noite desta quinta-feira (8) o Partido dos Trabalhadores realizou um ato de lançamento das chapas proporcionais do partido às eleições para deputados e deputadas estaduais e federais. Grande parte das 47 candidaturas estavam presentes e comemoraram a chapa própria como “reafirmação do partido e do projeto do PT”.
O PT definiu que não vai se coligar com quaisquer partidos nas disputas proporcionais, de modo que os votos nos candidatos da sigla não ajudarão a eleger parlamentares de outros grupos políticos, mas apenas do PT. Entre todos os presentes, foi unânime que a decisão foi acertada. “A chapa própria foi fundamental para dar uma resposta para a sociedade pernambucana, mostrar que o PT tem um projeto para esse estado e para o País”, diz Carlos Veras. Sua companheira de chapa Liana Cirne considera importante “os eleitores e eleitoras saberem que o voto que estão depositando no PT não irá para outro partido”.
Eleitoralmente também pode ser uma escolha mais acertada que nos pleitos anteriores. “Em 2014 fizemos uma aliança e resultou que nenhum candidato do PT foi eleito deputado federal, mesmo nossa legenda tendo votos suficientes para eleger dois ou três parlamentares. Avaliamos nossos erros e decidimos lançar chapas próprias, porque é assim que melhor conseguimos apresentar o programa do PT, sem recuos”, considera Flávia Hellen.
Teresa Leitão avalia a chapa como “muito melhor que qualquer arranjo”. “Essa foi a alternativa mais correta e estratégica para esse momento, considerando que estávamos com candidatura própria, forte, competitiva. Não poderíamos dispersar toda a força que foi acumulada em torno da pré-candidatura de Marília Arraes”, completa a deputada.
O ex-deputado Fernando Ferro disse que a chapa própria é uma chance para o partido resgatar valores esquecidos. “Quando esse partido começou, fazíamos campanha coletivamente nas periferias. Hoje é a retomada desse espírito, que desaprendemos”. Na eleição de 2014 o PT recebeu nada menos que 80 mil “votos de legenda”, quando o eleitor vai à urna e, em vez de digitar os 5 algarismos de um deputado estadual específico ou os 4 números de um deputado federal, o eleitor opta por digitar apenas o “13” e confirmar. O voto vai para a chapa.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na eleição deste ano Pernambuco tem 6 milhões 570 mil eleitores. Desconsiderando um percentual médio de cerca de 20% de votos brancos ou nulos, restam 5 milhões 580 mil votos válidos. O coeficiente mínimo a ser alcançado pelos partidos e coligações para elegerem um deputado federal é um pouco inferior aos 200 mil votos, enquanto para elegerem parlamentares para a Assembleia Legislaiva de Pernambuco (Alepe), o índice a ser alcançado pela chapa é próximo aos 100 mil votos. O PT estima que pode eleger três parlamentares federais e mais três estaduais.
A chapa que vai disputar vagas na Alepe conta com 27 candidaturas, das quais 9 são mulheres. O PT hoje tem dois deputados estaduais: a olindense Teresa Leitão, que tenta reeleição; e o petrolinense Odacy Amorim, que vai se aventurar para deputado federal. Quem tenta voltar à disputa eleitoral é João da Costa. O ex-prefeito do Recife, impedido de tentar reeleição em 2012, tentou sem sucesso uma vaga na Câmara Municipal em 2016, mas espera um resultado melhor na disputa estadual. Destaque também para o sindicalista Doriel Barros, presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Pernambuco (Fetape), que tenta pela primeira vez uma vaga na Alepe.
Já na disputa federal o PT oferece ao eleitor 20 candidaturas, sendo 6 mulheres. Vale o destaque para nomes conhecidos do eleitor pernambucano, como Fernando Ferro, que tenta voltar à Câmara Federal; o já mencionado deputado estadual Odacy Amorim, que agora tenta alçar um voo para Brasília; e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carlos Veras, que se candidata pela primeira vez a um cargo eletivo.
Mas a grande “puxadora de votos” do partido deve ser Marília Arraes. Até semana passada Marília era pré-candidata ao Governo de Pernambuco, mas teve seu nome retirado da disputa ao Executivo estadual para possibilitar uma reaproximação nacional entre o PT e o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Na tentativa de constituir um bloco de esquerda nacional, envolvendo ainda PCdoB e PDT, o PSB vai apoiar candidaturas do PT em alguns estados e coube ao PT de Pernambuco apoiar a reeleição de Paulo Camara.
A aliança com o PSB, no entanto, ainda não foi totalmente digerida pelo partido. Teresa Leitão classificou a decisão pela aliança majoritária como “desastre”. “Essa eleição de 2018 não é uma eleição comum, mas sobretudo uma eleição de posicionamento político, por isso achei um 'desastre' cedermos a nossa candidatura própria em nome da neutralidade de um aliado”.
Marília Arraes disse que a verdadeira unidade da esquerda precisaria se dar na construção das lutas, não com discursos no palanque. “Estamos num momento de resgate. Por isso defendemos a candidatura própria. A verdadeira unidade da esquerda se faz com o povo organizado na rua e com esperança”. Em recado aos petistas decepcionados com a aliança, ela disse para buscarem motivação, pois a militância não pode “deixar o caminho aberto para nos destruírem”.
Muitos dos candidatos devem se unir para realizarem atos próprios da chapa proporcional, mas reconhecem que será uma grande desafio fazer campanha descolados da chapa majoritária. Apesar de dizer que não subirá no palanque do governador, Veras vê como normal que outros companheiros de partido o façam. “Há uma liberdade muito grande, os candidatos que quiserem subir no palanque do governador Paulo Camara podem subir, quem não quiser pode marchar conosco”.
Edição: Monyse Ravena