Este ano a população vai às urnas para dar seis votos: presidente, governador, dois senadores, deputado federal e deputado estadual. Apesar disso, parece que as conversas são só sobre a disputa para a Presidência da República e para o Governo do Estado.
Dentre os partidos mais próximos das lutas populares, o maior é o Partido dos Trabalhadores (PT). Mas, em Pernambuco, a sigla viveu um ciclo recente de disputas internas que levou ao seu enfraquecimento. Hoje o PT conta com apenas dois deputados na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e nenhum representando o estado na Câmara Federal. Para tentar mudar o cenário montou este ano chapas "puro sangue", sem coligação com outros partidos, de modo que o eleitor não corre risco de votar num candidato do PT e ajudar a eleger políticos de outros partidos, como há quatro anos.
São 27 candidaturas para deputados e deputadas estaduais (dentre as quais 9 mulheres) cujos números começam com a legenda nº13, e mais 20 para federal (sendo 6 mulheres). Dos dois estaduais com mandato, Teresa Leitão tenta reeleição, enquanto Odacy Amorim se lança para deputado federal. Quem também tenta voltar a Brasília é o ex-deputado Fernando Ferro. Já Carlos Veras é um estreante na política eleitoral. Presidente licenciado da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o trabalhador rural nascido em Tabira construiu sua trajetória na luta sindical e agora se candidata a deputado federal. "Tenho a responsabilidade de representar os movimentos sociais e sindicais, lutando para recuperar direitos roubados pelo golpe e por melhores condições de vida para os trabalhadores e trabalhadoras".
Presente nas lutas e manifestações contra o impeachment e contra as reformas de Temer, Veras diz que Pernambuco precisa de mais parlamentares para atuarem na "resistência contra os retrocessos", votando "contra a venda dos bancos públicos, impedindo que privatizem a Petrobras, a Eletrobras ou a Chesf, defendendo o direito à aposentadoria, à educação pública e o SUS". Antes de Veras, outro ex-presidente da CUT já conseguiu chegar à Câmara Federal: João Paulo (ex-PT, hoje no PCdoB), que antes de chegar à Brasília passou pela Alepe, depois foi prefeito do Recife, para, só então, se lançar à Câmara Federal.
Quem também optou por uma chapa mais "pura" foi o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que se coligou apenas com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). O PSOL tem um deputado estadual, Edílson Silva, que tenta reeleição. A sigla também busca eleger seu primeiro deputado federal por Pernambuco. "Eu estou muito animado. Quero participar dessa história, ser o primeiro do PSOL no estado a ser eleito deputado federal", diz Ivan Moraes Filho, jornalista e militante do direito à Comunicação, eleito vereador do Recife há dois anos. "Quero pautar na Câmara Federal temas que achamos importantes, como a política de drogas, o direito ao aborto, justiça tributária e democratização da comunicação. E estou achando que vai 'rolar'", afirma o candidato.
A chapa conta com 32 candidaturas a deputado estadual (dentre as quais 10 são de mulheres) cujos números começam com a legenda nº 50 e mais 38 candidatos para a Câmara Federal (dentre os quais 13 são mulheres). "A nossa chapa está muito boa, com muita gente comprometida", diz o vereador, que destaca ainda a presença de Paulo Rubem Santiago. O ex-deputado federal pelo PT e PDT, tenta voltar à Câmara Federal desta vez pelo PSOL.
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) abriu mão de renovar o mandato de sua única deputada federal por Pernambuco, Luciana Santos. Após dois mandatos na Câmara Federal, a ex-prefeita de Olinda será candidata a vice-governadora na chapa da Frente Popular, encabeçada por Paulo Camara (PSB). A deputada, no entanto, avalia que o partido amplia seus espaços. "Queremos manter ou ampliar nossos espaços. Esperamos manter um deputado federal por Pernambuco, enquanto ocupamos também novos espaços, como a vice-governadoria e a Assembleia Legislativa". Ela também garante que estar mais tempo em Pernambuco não deve interferir nas suas tarefas nacionais junto ao partido, visto que ela é presidenta nacional do PCdoB.
A candidata a vice-governadora também acredita que a volta do PT à Frente Popular, junto ao PCdoB e o PSB, deve ajudar a eleger uma bancada federal e estadual mais comprometida com as demandas do povo. "Nesse momento crítico da vida brasileira é importante que conseguimos resgatar essa unidade de partidos com muitas afinidades programáticas. Com essa composição, vai melhorar a bancada de deputados com mais nitidez ideológica à esquerda". Nacionalmente o partido espera superar a cláusula de barreira, elegendo mais de 10 deputados federais e reelegendo sua senadora no Amazonas, além de reelegerem o governador do Maranhão, Flávio Dino.
Sem deputados estaduais, o PCdoB espera eleger para a Alepe um de seus 73 candidatos (dentre os quais 24 são mulheres) com a legenda nº65. O principal nome é o do ex-prefeito do Recife João Paulo. Já a tática para Câmara Federal é a oposta: todos fazem campanha e votam no único candidato a deputado federal pelo partido: Renildo Calheiros. E a chapa será coligada: o ex-prefeito de Olinda é um nome dentro de numa coligação proporcional com outros partidos da Frente Popular, mas até o fechamento desta edição o partido ainda não havia definido quais são as siglas que estão nessa aliança.
A aliança proporcional também foi a escolha do Partido Democrático Trabalhista (PDT), que conta hoje com apenas um deputado federal por Pernambuco, o caruaruense Wolney Queiroz, que busca reeleição. Quem tenta seu primeiro mandato é o advogado Túlio Gadêlha, que espera que neste momento político pelo qual passa o país, o eleitor vote em candidaturas que renovem o legislativo. "Temos candidaturas importantes no campo da esquerda, mas com pouca visibilidade política. O sistema eleitoral é muito cruel, favorece quem já tem mandato está há muitos anos na política. Precisamos renovar não só as caras, mas as práticas", diz Túlio.
O jovem de 30 anos já foi candidato a vereador do Recife e, em 2014, a deputado federal. Entre as pautas que defenderá na campanha e na Câmara Federal caso seja eleito, estão o direito à educação, os direitos trabalhistas, o avanço nos direitos da população LGBT e questões agrárias, como o desenvolvimento da agricultura familiar e de produção de orgânicos. Até o fechamento desta edição, o PDT ainda não havia anunciado com quais legendas fecharia as coligações para a disputa por vagas na Câmara Federal e na Alepe. Mas há uma previsão de 17 candidaturas a deputados estaduais com a legenda nº12, enquanto para deputados federais devem ser 11 nomes.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na eleição deste ano Pernambuco tem 6 milhões 570 mil eleitores. Desconsiderando um percentual médio de cerca de 20% de votos brancos ou nulos, restam 5 milhões 580 mil votos válidos. O coeficiente mínimo a ser alcançado pelos partidos e coligações para elegerem um deputado federal de cerca de 200 mil votos, enquanto para elegerem parlamentares para a Alepe, o índice a ser alcançado é um pouco superior aos 100 mil votos.
Edição: Monyse Ravenna