Desde 1995, o dia 7 de setembro é uma marca da luta social no país. É no dia da comemoração da independência do Brasil que pastorais sociais e movimentos populares vão às ruas para debater com a sociedade e se manifestar sobre temas que afetam a população marginalizada. Há 23 anos, o Grito dos Excluídos surgiu a partir da iniciativa das Pastorais Sociais em torno da Campanha da Fraternidade, tendo como lema “A Vida em primeiro lugar”. Essa primeira edição da manifestação aconteceu em 170 cidades e o símbolo do ato eram panelas vazias, numa alusão a alto índice de pessoas que passavam fome ou viviam em situação de vulnerabilidade econômica e social.
A cada ano, o ato levanta lemas diferentes, mas que estão sempre relacionados ao momento político atual e a luta dos movimentos populares que constroem a manifestação. Temas como reforma agrária, educação, o não pagamento dívida externa, soberania nacional, privatizações, democracia, o genocídio da juventude e diversos outros temas já foram pauta de mobilização do Grito. Em abril de 2018, o lema foi lançado: “Desigualdade gera Violência: Basta de Privilégio”. O tema pretende levantar questões como o aumento notável da violência e da desigualdade social, que tem alguns reflexos práticos, como a volta do Brasil ao Mapa da Fome e o índice de desemprego, que já chega a 14% da população brasileira.
“O golpe [de 2016] foi uma violência, pra nós esse foi o primeiro sinal de violência, e daí vem as outras formas, como o desemprego. Nesse momento eleitoral ficou mais claro que os grupos que incitam a violência estão ganhando voz, com o aumento de declarações machistas, com racismo, LGBTfobia. Junto a isso, tem a criminalização dos movimentos sociais e da esquerda, então, pra nós, o golpe foi a culminância disso e dele vem outras violências’ explica Valmir Assis, militante do Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC), uma das organizações que constrói o ato no Recife.
Na capital, o Grito dos Excluídos é organizado pelo Fórum Dom Hélder Câmara, que aglutina sindicatos, partidos, movimentos religiosos, ONG’s e movimentos populares. A proposta é que o ato do dia 7 seja a culminância de um ciclo de palestras, debates, rodas de conversa e outras ações em bairros periféricos e nas cidades da região metropolitana. Esses processos de preparação e mobilização para a manifestação são chamados de “pré-gritos”.
Durante o mês de agosto, aconteceram momentos de preparação em igrejas, feiras, centros espíritas, sede de sindicatos e vários outros. Ainda estão previstos mais quatro pré-gritos, como o debate nesse sábado (01) na Praça da Várzea sobre as consequências do golpe de 2016, um ato público na feira da cidade de Paulista, na Região Metropolitana do Recife e panfletagem nas estações de metrô. Já no dia 7 de setembro, a concentração do Grito dos Excluídos inicia a partir das 9h, na Praça do Derby. A manifestação se encerrará na Praça do Diário, onde fica a ocupação urbana “Marielle Franco”.
Edição: Monyse Ravenna