“Eu queria agradecer, em nome de toda a minha turma, que vocês estão fazendo esse trabalho pra perguntar sobre o que as crianças pensam. Porque a maioria dos adultos nunca pergunta o que as crianças querem, o que as crianças pensam. Então, isso pra gente, é muito importante”
Menina, 8 anos, Escola Municipal Santa Tereza, Camaragibe.
Esta frase abre a publicação “Linhas Cruzadas- Diálogos entre crianças, adolescentes e jovens por uma cidade mais justa”, que será lançada nesta quarta-feira (12). O material é resultado de um mapeamento das principais demandas das crianças, adolescentes e jovens da Região Metropolitana do Recife, realizado pelo Centro Dom Hélder Câmara de Estudos e Ação Social (Cendhec) e o Instituto Papai . O lançamento e a apresentação dos dados serão realizados no auditório do Sindicato dos Servidores Públicos de Pernambuco, na Boa Vista, a partir das 8h.
O público abordado pelas escutas tinha entre 04 e 24 anos de idade e falaram sobre violência, convivência familiar e comunitária, sustentabilidade, identidade de gênero, direitos sexuais, direitos reprodutivos, racismo e participação política. O resultado do processo demonstrou, por um lado, uma considerável consciência das meninas e meninos em relação às problemáticas que os atingem no cotidiano, e por outro, lacunas em termos de políticas sociais que assegurem seus direitos.
A metodologia aplicada para a coleta das percepções de cada grupo foi variada, considerando as especificidades etárias. Todos os garotos e garotas são estudantes da rede pública de educação e moradores de áreas onde existe profunda vulnerabilidade social. O levantamento das informações sistematizadas na publicação advém, então, de moradores/as das zonas norte e sul do Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Olinda, Igarassu e Goiana. As escutas envolveram um universo de 226 crianças (entre 04 e 11 anos), 97 adolescentes (entre 12 e 17 anos) e 97 jovens (entre 18 e 24 anos) e aconteceram ao longo do ano de 2016.
Ricardo Oliveira, coordenador do Cendhec, destaca a importância da ouvida a essas crianças, adolescentes e jovens. “Eles e elas falam muito bem e com propriedade de como percebem a realidade, de como ela os atinge e do que seria melhor. Em síntese, podemos dizer que esta publicação rompe com a perspectiva 'adultocêntrica' e materializa o que preconiza a Convenção Internacional dos Direitos das Crianças, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto da Juventude através das escutas e das falas do referido público, enquanto verdadeiros sujeitos de defesa de seus direitos”, diz.
Edição: Rani de Medonça