Inauguro nesse artigo, com alegria e compromisso com os leitores e leitoras do Brasil de Fato, uma coluna sobre o Semiárido. Espero que os textos publicados ajudem para um maior conhecimento sobre esse lugar de muitas potencialidade e saberes.
O Semiárido como território de identidade é uma construção recente e está em formação. Os sentimentos de sertanejos e sertanejas e a identidade nordestina são mais comuns nas músicas, poesias e textos que falam desse lugar que abriga mais 26 milhões de habitantes em uma área de aproximadamente 20% do território nacional.
Olhar o Semiárido requer antes de tudo reconhecê-lo como território com diversas identidades de povos e comunidades tradicionais. Lugar que abriga dezenas de povos indígenas e mais de 80% das comunidades quilombolas do Brasil, além de milhares de agricultores e agricultoras familiares. No entanto, apenas na recente história do nosso país esses povos foram minimamente reconhecidos como sujeitos membros de nossa nação e que por isso com direitos.
A capacidade de auto-organização e elaboração de propostas para incidência política, associadas a decisão política por parte dos governos do Partido dos Trabalhadores (PT), contribuíram de forma decisiva para os povos do Semiárido por meio das mais diversas formas organizativas - redes, fóruns, articulações, associações e movimentos, pudessem propor programas e políticas públicas que atendessem às suas necessidades específicas, e, pela primeira vez na história republicana, tiveram recursos do orçamento público destinados à algumas demandas históricas dos povos desse território. E por isso, são várias as comunidades quilombolas reconhecidas, milhares de famílias com acesso a água por meio do Programa de Cisternas, um grande número jovens filhos e filhas de agricultores com a possibilidade de estudar em escolas e universidades, entre outras iniciativas que estavam chegando à vida das pessoas.
No entanto, todas as mudanças que estavam apenas no início sofrem com os cortes aprovados pelo governo federal e pelo Congresso Nacional. O afastamento da presidenta Dilma Rousseff em 2016 e a pressão sobre o Presidente Lula, tiveram entre outros objetivos, barrar as melhorias na vida daqueles que por gerações viveram em situação de miséria e fome, abandonados pelos governos e servindo de mão de obra barata para as indústrias e empresas na região Sudeste do país, principalmente.
E por tudo isso, nas eleições de 2018 os povos do Semiárido precisam assumir para si uma grande tarefa de escolher e defender candidaturas para deputados, senadores, governadores e presidente que estejam comprometidas com os programas e políticas públicas em defesa da agricultura familiar e camponesa, da reforma agrária, da Agroecologia, dos programas de compras públicas como o PAA e o PNAE, e com as políticas de Convivência com o Semiárido, para que o Semiárido volte a ser feliz de novo.
*Alexandre Henrique Pires é coordenador do Centro Sabiá e integrante da coordenação executiva da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).
Edição: Catarina de Angola