Entidades sindicais que representam os trabalhadores em educação em Pernambuco reuniram-se com a promotora de justiça Eleonora Rodrigues, do Ministério Público, para denunciar uma campanha de constrangimento e assédio aos professores da rede pública de ensino de Pernambuco. O “movimento pelas crianças”, como se intitula o grupo de extrema direita, tem incentivados os estudantes a gravarem as aulas dos professores e constrange-los contra uma suposta “doutrinação e ideologia de gênero”.
O SINTEPE (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco), SINPROJA (Sindicato dos Trabalhadores em Educação De Jaboatão Dos Guararapes) SINPMOL (Sindicato dos Professores Municipais de Olinda) e o SIMPERE (Sindicato dos Professores do Recife) denunciam que o “movimento” incentiva os estudantes a constranger professores e professoras gravando vídeos das aulas onde supostamente os educadores estariam “fixando uma ideologia política na cabeça dos alunos”.
A denúncia dos sindicatos se baseia em direitos garantidos pela Constituição e a Lei de Diretrizes e Base Nacional, que garantem a liberdade de aprender, ensinar e divulgar o saber científico e as artes nos artigos 205 e 3º, respectivamente. Já o Ministério Público Federal e o Ministério Público de Pernambuco emitiram uma Recomendação Conjunta para que se abstenham em casos de atos ou sanções arbitrárias a professores e adotem medidas de combate ao assédio moral. Além disso, está prevista uma audiência pública convocada pela Comissão de Educação da Câmara Federal com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação e entidades estudantis como a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e Associação Nacional de Pós- Graduação (ANPG).
Em relação às cartas anônimas na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e na Universidade de Pernambuco (UPE), o SINTEPE se posicionou repudiando as cartas que xingavam professores, pesquisadores e estudantes de “esquerdistas”, “comunistas”, “gayzistas” e “feminazis” e diziam que os profissionais seriam “dizimados” após a posse do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Na nota, o sindicato se colocou contra “qualquer discurso de ódio e de violência pregados por grupos isolados e extremistas. Somos a favor da liberdade de expressão, da liberdade de cátedra e da livre circulação de ideias”.
Edição: Monyse Ravenna