As coisas sempre podem piorar. Na última terça-feira (27) a Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) comunicou que a final da Taça Libertadores, jogada este ano entre Boca Juniors e River Plate, dois dos maiores clubes argentinos, não vai ocorrer na Argentina - e, pasmem, nem mesmo ocorrer na América do Sul. Por ironia ou falta de noção da Conmebol, a final da Libertadores da América será jogada na Espanha.
Diante da confusão instaurada no último sábado (24), quando o ônibus do Boca Juniors foi atacado no trajeto para o jogo, a Confederação não soube como agir. Primeiro tentou manter o jogo no mesmo dia, apenas adiando o horário em duas horas, apesar de alguns atletas do Boca estarem feridos e o presidente do clube estar se negando a colocar o time em campo. Passadas duas horas de espera, com os 50 mil torcedores frustrados dentro do estádio, a Conmebol anuncia o adiamento da partida para o dia seguinte. E no dia seguinte comunicou o cancelamento do jogo.
Nessa quinta-feira (29) foi divulgado que a partida ocorrerá no Santiago Bernabéu, estádio do Real Madrid, no próximo domingo (dia 9 de dezembro). Já soavam absurdas as possibilidades de vender o jogo para Miami, nos Estados Unidos; ou Doha, no Catar. Mas o senhor presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, conseguiu criar uma situação ainda mais ridícula, em que o maior torneio da América do Sul, cujo nome homenageia os líderes políticos latinos que lutaram pela independência das nações sul-americanas em batalhas contra o Reino da Espanha, essa final será jogada justamente na Espanha e, pior, no estádio da Coroa Espanhola, do Real Madrid. A Conmebol pagará os custos da viagem, hospedagem e alimentação para as delegações.
Além dos nossos craques sul-americanos jogarem noutro continente, agora também os nossos clubes e os nossos torneios terão farão suas partidas importantes onde pagarem melhor? E o torcedor que que viu o Boca passar anos difíceis recentemente, o torcedor do River que viu o clube jogar a segunda divisão nacional, e agora sonham ir ao estádio comemorar o título da Libertadores sobre o maior rival, eles terão que fazê-lo pela televisão porque é mais conveniente vender o jogo para o outro lado do Oceano Atlântico?!
Que mensagem a Conmebol passa aos torcedores que juntam seus tostões para ver o time do coração? A de que o torcedor argentino e sul-americano é um elemento dispensável na composição do futebol no nosso continente.
Edição: Marcos Barbosa