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Pernambucana quer reencontrar a família 23 anos após fuga

Rosa Maria da Silva fugiu da cidade de Vertentes aos 14 anos, ainda na década de 1990

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Colagem da foto de Rosa quando criança (canto inferior direito) e seus quatro filhos.
Colagem da foto de Rosa quando criança (canto inferior direito) e seus quatro filhos. - Arquivo pessoal

Uma adolescente cujo namoro não é aceito pela família. Quase todo mundo conhece alguém que viveu essa situação. Mas alguns jovens veem na fuga uma possibilidade de ser feliz vivendo aquela paixão. Rosa Maria da Silva, agora com 37 anos, fez essa escolha e hoje se arrepende. No entanto, agradece a Deus pela família que construiu. E sente que chegou a hora de reencontrar a mãe e os irmãos.

Ela era uma adolescente de 14 anos, morando em Vertentes, cidade pequena 15 km ao norte de Toritama e 40km ao norte de Caruaru. O município, que hoje abriga uma população de menos de 20 mil pessoas, era ainda menor em meados de 1995. Rosa vivia com a mãe, Inácia Maria da Silva; o avô Antônio; a avó, cujo nome não recorda; e três irmãos.

Os quatro filhos de Dona Inácia eram João Paulo Daniel, o caçula, então com 6 anos de idade; Luiz, que é mudo, tinha 12 anos; a própria Rosa; e a mais velha, Eliana, que aos 15 anos já tinha um filho. Rosa lembra pouco sobre o bairro, recorda apenas que morava em uma casinha pequena em uma rua estreita, descrita por ela como "um beco", conhecido por Rua da Brasília. O pai, Manoel, era separado e vivia no distrito de Chã do Junco, no próprio município de Vertentes.

Ela lembra que a família, como toda a região, estava passando dificuldades com a seca iniciada em 1993 e que se prolongaria até 1999. Para completar, tinha um namorado da cidade de Limoeiro e sua relação não era aceita pelo patriarca da casa, seu avô Antônio. "Saí de lá por causa do meu namorado. Fugi com ele porque meu avô não aceitava. Fomos para Barreiros e ele ficou lá para trabalhar", lembra Rosa Maria, que diz ter feito tudo às escondidas. Não avisou às amigas ou a familiares sobre seu paradeiro. Na cidade da zona da mata sul, a menos de 4 horas de distância de sua cidade natal, Rosa não se demorou. "Larguei ele e fugi com outro namorado, para Goiás", conta. Esse namorado é Juraci, com quem está casada desde então.

No Centro-Oeste eles passaram menos de cinco anos. Quando estava grávida do primeiro filho, Rosa voltou ao Nordeste com o companheiro, para visitar a família dele em Ipiaú, município de 50 mil habitantes no sul da Bahia, a 2 horas de Ilhéus e a 15 horas de sua família em Vertentes. Mas o casal não tinha recursos para voltar a Goiás e buscaram construir a vida na região. Construíram um lar na cidade de Poções, município também de médio porte, a 2 horas de distância da família de seu esposo e próximo a Vitória da Conquista, no centro-sul baiano. E há quase 20 anos vivem ali, a menos de um dia de estrada do agreste pernambucano, onde vivem os familiares de Rosa.

Em Poções nasceram Sideilton (hoje com 19 anos), Sirlene (17), Sidnéia (16) e Simara (13), todos Brito Silva. Também lá começou a chegar a geração seguinte: duas filhas de Sideilton e um filho de Sirlene. Aos 37 anos a dona de casa já é avó de três. Lá ela parece ter fincado raízes e diz não ter planos para se mudar, apesar de estar difícil encontrar emprego na região. Se queixando do pagamento de aluguel, ela aguarda esperançosa uma moradia que está para ser entregue através do programa Minha Casa Minha Vida.

Quando fugiu de Vertentes não levou sequer documentos, que só seriam tirados anos depois, já em Poções. Carregou consigo poucas fotos de si e de familiares, mas perdeu algumas molhadas pela chuva. Guarda apenas as lembranças e, desde sempre, a saudade. "Queria muito visitar eles, pedir perdão por ter fugido. Fiquei muito arrependida", afirma. "Queria que eles ligassem para mim, para verem como estou e para que eu visse como eles estão. Queria que eles conhecessem meus filhos", diz Rosa.

Rosa e os filhos entraram em contato com o Brasil de Fato Pernambuco através do Facebook para que ajudássemos a localizar os três irmãos  de Rosa e a mãe, na cidade de Vertentes. Essa matéria pode ajudar, se os leitores forem solidários e compartilharem até a história alcançar a família. Também entramos em contato com a Polícia Civil de Pernambuco, através da Delegacia de Desaparecidos e de Proteção à Pessoa (DDPP), que se prontificou em colaborar com a localização dos familiares.

Edição: Marcos Barbosa