Após uma breve conversa com um amigo, precisei repensar o que ele estava querendo dizer ao afirmar que o debate mais difícil hoje é o ideológico. Mas ele tinha razão – após a queda da indicação de Mozart como ministro da Educação poderia vir alguém ainda pior. Ele existe, e tem nome. É o Vélez, mas por quê? É simples.
O mercado precisa precarizar e privatizar a educação pública e transpor ainda mais recursos para os tubarões do ensino privado e Mozart representaria diretamente os interesses do empresariado brasileiro, com o Movimento Todos Pela Educação, que concordam com o congelamento dos gastos públicos por 20 anos. Precarizando a formação dos futuros trabalhadores, eles poderão reduzir os salários com o argumento da pouca qualificação e consequentemente aumentar suas taxas de lucro.
Qual a diferença que existe entre Mozart e Vélez? Vélez como ministro também representará os interesses dos empresários da educação. A diferença é que a maior vontade dele é acabar com o suposto Marxismo Cultural nas escolas. Mais o que é esse Marxismo Cultural? É uma seita? Um grupo terrorista?
Essa estória de Marxismo cultural é mais uma ideia criada por políticos, empresários e representantes religiosos - da mesma forma que criaram a Ideologia de Gênero - que desejam através dos meios de comunicação e projetos de lei sufocar pensamentos diferentes, disseminar mentiras e perseguir quem tem posições políticas contrárias, ditas pelo próprio Vélez, “ideias de esquerda”.
O discurso dele representa uma contradição, pois como um futuro ministro da Educação pode querer cercear a pluralidade das ideias, um princípio fundamental para a democracia brasileira e para a efetivação de uma política educacional assegurada na Lei de Diretrizes e Bases (LDB)? É esse o ministro da Educação desejado pelo povo, que não aceita a diversidade de opiniões?
Até onde essa ditadura imposta pelo pensamento único dará oportunidade para educadores e educadoras terem liberdade em sala de aula? Vélez representa o fim da educação pública e da liberdade de expressão, e, por isso ele é pior que Mozart. Provavelmente nessa escalada neofascista em curso, ele se utilizará de manobras jurídicas para proibir educadores e educadoras de expressarem suas ideias e opiniões e iniciará uma perseguição contra os “transgressores”.
Pensar diferente hoje é natural, é fruto do amadurecimento da democracia. Não podemos aceitar que essa onda neofascista ganhe força dentro e fora das escolas. Bolsonaro e seus ministros precisam respeitar a Constituição e não impor uma ditadura do pensamento.
Felipe Sena é biólogo e militante da Consulta Popular
Edição: Vanessa Gonzaga