As eleições de 2018 e a fatídica vitória de Jair Bolsonaro (PSL) foi um marco na ascensão conservadora que vem se alastrando por toda a América Latina e no mundo.
Desde os golpes em Honduras, Paraguai e, finalmente, no Brasil é sentido que as forças neoliberais e imperialistas voltaram a se organizar na tentativa de desestabilizar o que ficou conhecido como o “cinturão vermelho” que era a América Latina e seus governos progressistas e de esquerda.
Neste contexto, a Venezuela, país vizinho localizado no Caribe, vinha cumprindo desde a eleição de Hugo Chavez em 1998 um papel relevante de integração latino-americana e fortalecimento das economias destes países, se tornando o segundo maior produtor e exportador de petróleo do mundo – fator preponderante para entendermos o que está acontecendo hoje no país.
Porém, desde essa período os ataques a esse governo que construiu a chamada “Revolução Bolivariana” são frequente e eis que com a morte de Chavéz em 2003 e eleição de seu herdeiro político, Nicolás Maduro, o quadro de ataques e tentativas de golpe por parte da direita se agravam.
Há cerca de quatro anos a Venezuela vive uma profunda crise política e econômica provocada pelo tensionamento internacional do imperialismo estadunidense e também pela oposição que não reconheceu a sua primeira vitória, passando por tentativas outras de tirá-lo do governo por meio de referendos, protestos violentos constantes que se configuram métodos golpistas de intervenção política. Inclusive com o aprofundamento da crise de abastecimento do país causado por embargos econômicos internacionais.
Em 10 de janeiro de 2019, Maduro toma posse de seu mais novo mandato e dias depois o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, em ato inconstitucional, se autoproclama presidente da Venezuela. Guaidó que pertence à extrema-direita venezuelana e que até dia 22 de janeiro menos de um a cada cinco venezuelanos ouvira falar dele, com a apoio dos EUA, decide por tomar as rédeas do governo.
De imediato o governo dos EUA reconhece a legalidade desse governo, seguido pelo Canadá, Israel e o bloco de governos latino-americanos de direita conhecido como Grupo Lima (inclusive o Brasil) reconheceram Juan Guaidó como líder legítimo da Venezuela.
Inclusive as acusações feitas ao governo como “ditador” ou “ditador de esquerda” caem por terra quando se conhece a história do país e seu processo político participativo. No dia 2 de fevereiro comemorou-se os 20 anos da possa de Hugo Chávez e início da Revolução Bolivariana. O povo foi chamado às ruas e compareceu de forma massiva em Caracas, capital da Venezuela, para defender o legado de Chávez e o mandato de Maduro que venceu em maio de 2018 com 67% dos votos.
Sabemos o quanto a crise de abastecimento de alimentos e insumos tornou a vida das nossas irmãs e irmãos latinos mais difícil, mas sabemos também o quanto a luta anti-imperialista é árdua e exige de nós uma enorme solidariedade a esse povo que resiste e acredita que o voto e a força popular é capaz de transformar a realidade possível de ser vivida livremente.
Edição: Monyse Ravena