Desde o último domingo (10) o jornal Folha de S. Paulo tem feito uma série de denúncias que colocam sob suspeita a eleição do deputado federal pernambucano Luciano Bivar (PSL). Isso porque, nas eleições de 2018, o Partido Social Liberal (PSL) fez um repasse de R$ 400 mil do fundo partidário a uma senhora pernambucana, de 68 anos, de nome Maria de Lourdes Paixão. O valor recebido é superior inclusive ao que o PSL repassou à campanha de Jair Bolsonaro, mas, mesmo assim, Lourdes obteve apenas 274 votos para deputada federal.
Lourdes Paixão é proprietária de um imóvel no valor de R$460 mil, um veículo no valor de R$50 mil e uma aplicação bancária de R$5 mil. A idosa é funcionária na sede estadual do PSL, tendo como chefe o também pernambucano Luciano Bivar, que é fundador e presidente nacional do PSL há 20 anos. Ele, diferente de Lourdes, se deu bem na eleição de 2018.
Primeiro Bivar deu abrigo à candidatura de Jair Bolsonaro e abriu mão de presidir o partido durante as eleições. Bivar "alugou" por alguns meses o PSL a Gustavo Bebianno, auxiliar de Bolsonaro e hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Em troca, Bebianno repassou R$1,8 milhão para a campanha de Bivar (maior repasse do PSL no país) e ainda mais R$400 mil para Lourdes Paixão (terceiro maior repasse).
Com tanto dinheiro nas mãos do PSL pernambucano, Luciano Bivar foi o 7º deputado federal mais votado de Pernambuco, com 117.943 votos, sendo o único parlamentar do partido eleito no estado. Quatro anos antes, nas eleições de 2014, ele havia obtido menos de 25 mil votos e sequer foi eleito. Mas foi parar na Câmara Federal após alguns parlamentares eleitos em sua coligação deixarem os mandatos para para assumir secretarias no Governo do Estado.
Bivar, que completa 90 anos no próximo novembro, foi eleito 2º Vice-Presidente da Câmara Federal. É o único representante do PSL na mesa diretora da casa. Questionado pela Folha de S. Paulo sobre o desempenho de Lourdes Paixão na eleição, Bivar disse apenas que "mulher não é muito de [se dedicar à] política".
Gráfica
Na divulgação das contas de campanha de Lourdes Paixão, ela alega ter gasto R$380 mil só com impressão de material num mesmo estabelecimento, a Gráfica Itapissu, supostamente no bairro de Água Fria, Recife. Mas no endereço não funciona gráfica alguma. Já noutro endereço, na rua Santos Dumont, funciona uma gráfica modesta, cujo gerente ficou surpreso ao ser perguntado se havia recebido R$380 mil para fazer material de campanha.
Investigação
Maria de Lourdes Paixão foi convocada a prestar depoimento à Polícia Federal na próxima quinta-feira (14).
Edição: Marcos Barbosa