No Recife, o Dia Internacional de Luta das Mulheres foi marcado por uma grande manifestação que juntou cerca de 20 mil mulheres nas ruas do centro da cidade, segundo a organização. O que se viu foram muitas mulheres que, em suas diferenças, encontraram-se para marcharem e reivindicarem direitos. Na capital pernambucana o tema da mobilização foi “Marielles: livres do machismo, do racismo e pela Previdência pública”. Junto ao tema principal, mais 11 eixos completavam as principais bandeiras do ato, entre eles: a legalização do aborto e a participação política.
Racismo
Denise Botelho é da Rede de Terreiros de Pernambuco e da Rede de Mulheres Negras e lembra que as mulheres, sobretudo as mulheres negras, ainda precisam convier com uma imensa desigualdade socioeconômica: “Vivemos uma série de retrocessos e isso afeta também nossas vidas pessoais e profissionais”. Denise também aponta o racismo religioso nos quais são vítimas as religiões de matrizes africanas em Pernambuco. “Nossos lugares sagrados também são atacados porque somos negros e temos uma grande parte dos terreiros chefiados por mulheres”, conclui.
Reforma da Previdência
As mulheres da Frente Brasil Popular (FBP) caminharam juntas em um bloco na manifestação e apresentaram como bandeira prioritária o repúdio à Reforma da Previdência, já enviada pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso. “Temos uma experiência de auto-organização das mulheres da FBP desde 2016 e desde lá temos compartilhado uma análise de conjuntura comum. Para esse ano percebemos que a defesa da previdência pública era nossa principal agenda comum”, explica Elisa Maria, militante da Marcha Mundial das Mulheres. “Se essa reforma passar nós vamos morrer sem se aposentar. A reforma não reconhece nossa dupla jornada e todo o trabalho doméstico que a maioria das mulheres realiza”, completa.
Lula
Jorgiane Araújo, professora e integrante do Sindicato do Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), carregou durante todo o ato um cartaz que pedia a liberdade do ex-presidente Lula. Para ela, “defender o Lula é defender a própria democracia”. “Ele teve seus direitos cassados sem nenhuma prova, se fazem isso com o Lula imagina o que vão fazer com a gente”, explica a professora.
Edição: Marcos Barbosa