O Aeroporto Internacional do Recife foi leiloado na manhã desta sexta-feira (15) pelo Governo Federal, na Bolsa de Valores de São Paulo. A empresa espanhola Aena, que ainda não tinha negócios no Brasil, arrematou por R$1,9 bilhão o equipamento do Recife num lote com mais cinco aeroportos do Nordeste: Aracaju (SE), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Campina Grande (PB) e Juazeiro do Norte (CE). A empresa assume os aeroportos dentro de 3 meses. A outorga da Aena dura 30 anos.
Tido como um dos melhores e mais modernos aeroportos do Brasil, o aeroporto do Recife transporta 8 milhões e 280 mil passageiros por ano, gerando um lucro anual de R$130 milhões. Mas apenas 17 aeroportos brasileiros são superavitários, enquanto mais de 30 dão prejuízo para a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), deixando as contas da estatal no vermelho. Além dos R$1,9 bilhão, a partir de 2025 a Aena deve pagar ao Governo Federal 8,2% da receita bruta do bloco.
Desde o ano passado os parlamentares pernambucanos em Brasília atuaram para a mudança no formato de leilão. Eles avaliam que vender o aeroporto do Recife dentro de um bloco de aeroportos deficitários fará com que o equipamento receba um investimento inferior ao que poderia receber em caso de ser leiloado isoladamente.
Eles comparam, por exemplo, com os leilões dos aeroportos de Fortaleza (CE) e Salvador (BA), que transportam menos passageiros que o Recife e receberão investimentos de até R$1,4 bilhão e R$2,8 bilhões, enquanto é previsto para o Recife um investimento na ordem de R$865 milhões. O aeroporto de Natal (RN), que transporta 30% do volume transportado pelo Recife, foi leiloado sozinho e vai obter de 70% do investimento previsto para a capital pernambucana.
O investimento inferior no Recife deixaria o aeroporto da capital pernambucana em condições desiguais para manter a qualidade do serviço, o que pode impactar no recebimento de grandes aeronaves, se refletindo na quantidade de passageiros e no transporte de cargas que passam pelo Recife - com rebatimento direto nas indústrias do Porto de Suape.
A Aena também deverá investir nos demais aeroportos do bloco. Maceió deve receber pouco mais de R$400 milhões, João Pessoa cerca de R$270 milhões, Aracaju R$250 milhões, Juazeiro do Norte R$190 milhões e Campina Grande R$150 milhões.
Inaugurado em 1958, o aeroporto do Recife foi reformado no início dos anos 2000 pelo valor de R$400 milhões (ou R$900 milhões, em valores corrigidos), investimento que foi dividido meio a meio entre Governo de Pernambuco e Governo Federal.
Edição: Monyse Ravena