O Aeroporto Internacional dos Guararapes, localizado na Imbiribeira, tem previsão de ir a leilão na Bolsa de Valores de São Paulo, na manhã da sexta-feira (15). A venda de aeroportos teve início ainda no governo Temer e será continuado pelo governo Bolsonaro. Deputados pernambucanos preveem queda de qualidade nos serviços oferecidos.
Inaugurado em 1958, o aeroporto foi reformado no início dos anos 2000 pelo valor de R$400 milhões (ou R$900 milhões, em valores corrigidos), investimento que foi dividido meio a meio entre Governo de Pernambuco e Governo Federal. O lucro anual do aeroporto, atualmente, gira em torno dos R$130 milhões. Segundo a Infraero, dos 54 aeroportos brasileiros apenas 17 dão lucro.
Mas o Aeroporto dos Guararapes foi colocado à venda dentro de um bloco de seis aeroportos: a empresa que arrematar o do Recife, também levará os aeroportos de Aracaju (SE), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Campina Grande (PB) e Juazeiro do Norte (CE). A outorga dura pelos próximos 30 anos, com obrigação de investimento nos equipamentos. Pelos cálculos dos parlamentares, o fato de ser vendido dentro de um bloco com aeroportos deficitários vai reduzir o valor de investimentos no equipamento pernambucano.
O deputado federal Felipe Carreras (PSB) liderou a briga por uma mudança no formato de venda. Ele avalia que no atual formato de leilão o aeroporto do Recife receberá cerca de R$838 milhões de investimento ao longo dos próximos anos, enquanto os aeroportos de Fortaleza (CE) e Salvador (BA), já leiloados individualmente, preveem investimentos de até R$1,4 bilhão e R$2,8 bilhões, respectivamente. Enquanto o Recife tem 8,28 milhões de passageiros por ano, Fortaleza tem 6,51 milhões e Salvador 7,70 milhões.
O senador Humberto Costa (PT) usou a tribuna no Congresso para apontar o que considera injustiça. “A perda de competitividade do aeroporto do Recife pode ser constatada por meio de comparações com terminais do Nordeste privatizados individualmente. O aeroporto de Natal (RN), mesmo tendo apenas 2,3 milhões de passageiros (28% do que Recife transporta) receberá R$ 650 milhões em investimentos, ou 77% do total da capital pernambucana”, observou.
Os deputados estaduais também se posicionaram, aprovando na Assembleia Legislativa um requerimento pedindo que a Procuradoria Geral do Estado interferisse judicialmente, o que não foi feito. Os parlamentares avaliam que a diferença de investimentos do Recife em comparação com Salvador e Fortaleza, dentro de alguns anos, afetará qualidade dos serviços prestados e deixará a cidade para trás na concorrência com as outras duas capitais nordestinas, afetando até Suape. “As operações com grandes aeronaves se darão nos outros aeroportos e não mais em Recife. E para o transporte de cargas é um desastre total. Vamos penalizar todo o nosso todo investimento feito no Porto de Suape”, disse Alberto Feitosa (SD), que já foi superintendente do aeroporto.
Até os últimos dias Felipe Carreras (PSB), que já foi secretário de Turismo de Pernambuco, tentou travar o leilão através da Justiça, mas não obteve sucesso. Os parlamentares pernambucanos se reuniram com o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), mas o Governo Federal manteve o formato de leilão.
Edição: Monyse Ravena