Com a proposta de promover a alimentação saudável, os produtos da agricultura familiar camponesa estão perto de ganhar um local de destaque no coração do Recife. Isto porque, está prevista para o final do mês de abril, a inauguração do Armazém do Campo do Recife, iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para a comercialização de produtos de assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária.
Localizado em um tradicional casarão no bairro de Santo Antônio, no centro da cidade, o armazém que funcionará na Avenida Martins de Barros, 387, encontra-se em reforma no momento, para que sejam realizados os últimos ajustes do espaço e no maquinário, onde os recifenses poderão conferir os alimentos orgânicos e agroecológicos produzidos por pequenos agricultores e empresas parceiras. O armazém também se propõe a ser um novo polo da cena cultural recifense, com a realização de debates, atrações artísticas e lançamentos de livros.
De acordo com Raminho Figueiredo, coordenador do Armazém do Campo do Recife, a proposta de trazer o projeto do armazém para a cidade está ligada a outras experiências do mesmo nível, feitas pelo MST em outros estados brasileiros. "Nosso armazém será o quinto Armazém do Campo no Brasil. Já temos em Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. É um projeto ousado do movimento. Em si, ele tem praticamente o mesmo formato em todos os lugares, que é o de articular um espaço para venda de produtos alimentícios e livros", explica.
O casarão onde será o armazém possui 29 metros de extensão, com uma saída para a rua do Imperador e outra para a avenida Martins de Barros. No edifício, existirá uma loja com produtos orgânicos, uma livraria, uma universidade popular e um café bar.
“Se o campo não planta, a cidade não janta”
De acordo com o coordenador, até o momento, já foram listados aproximadamente 200 produtos a serem comercializados no Armazém. Dentre esses alimentos, estão grãos, farinhas, laticínios, carnes e derivados. Dentre eles, se destaca o arroz cultivado pelo MST no Rio Grande do Sul, que tornou o movimento o maior produtor de arroz orgânico (sem agrotóxicos) da América Latina. A freguesia do Armazém do Campo também poderá conferir o café trazido de Minas Gerais, além de muitos produtos oriundos da agricultura familiar camponesa do nordeste, como a castanha produzida em assentamentos do Ceará.
Como é esperado, a agricultura pernambucana também não poderia ficar de fora. A loja vai ter feijão, fava, farinha, macaxeira pré-cozida, carne de bode, entre outros alimentos produzidos na terra.
Livraria e Universidade Popular
Além da comercialização de alimentos, no Armazém do Campo também funcionará uma loja da Editora e Livraria Expressão Popular, que há 20 anos aposta em preços baixos e acessíveis para os leitores. Esse será o primeiro ponto fixo da livraria na cidade, a expectativa é que contará com aproximadamente 600 títulos de livros em suas prateleiras.
Outro destaque do armazém será a Universidade Popular que funcionará no piso superior do casarão. De acordo com Raminho, a Universidade Popular se destina à formação dos militantes do campo e da cidade e a ideia é que ela possa oferecer cursos breves, de curta duração. "A universidade que girar ali vai ser também alimentada pelos produtos da agricultura familiar camponesa, uma vez que a praça de alimentação da Universidade Popular vai ser dentro do Armazém do Campo", enfatiza. Com essas iniciativas, além de alimentar o corpo, o Armazém do Campo também vem para alimentar a mente e a sabedoria dos seus frequentadores.
Edição: Monyse Ravena