Nesta quarta-feira (02), o Programa Brasil de Fato Pernambuco, que foi ao ar às 14h na rádio Clube 720 AM, realizou um bate-papo ao vivo com o vereador do Recife João da Costa (PT). Ex-prefeito da cidade, João assumiu mandato como vereador este ano, substituindo a ex-vereadora do Recife e atual deputada federal Marília Arraes (PT). João da Costa tinha disputado as eleições em 2016, mas não alcançou o número mínimo de votos para se eleger, por isso ficou como suplente. Atualmente, ele também preside a Comissão de Meio Ambiente da cidade do Recife.
Logo no início da conversa, o vereador João da Costa foi convidado a fazer um balanço sobre sua atuação como parlamentar na Câmara dos Vereadores, iniciada em fevereiro deste ano e que se estenderá, pelo menos, até o final do ano que vem. O entrevistado aproveitou o momento para fazer uma retrospectiva de sua atuação na política municipal, atuando na Secretaria do Orçamento Participativo e na Secretaria de Planejamento Participativo durante as gestões do ex-prefeito João Paulo Lima, do qual foi, também, sucessor na prefeitura do Recife.
Segundo João da Costa, essas experiências participativas de gestão pública permitiram que ele desenvolvesse uma relação mais próxima com a população da cidade do Recife. “Como vereador, a gente traz essa experiência e esse caminho continua, buscando diálogo permanente com a população”, afirma.
Além da intenção de desenvolver um mandato participativo, o vereador também disse que pretende estar levando para a Câmara dos Vereadores debates referentes ao cenário político nacional, trazendo os impactados que as medidas adotadas pelo governo de Jair Bolsonaro estão tendo ou podem vir a ter na cidade do Recife. “Nós realizamos uma audiência pública sobre essa proposta de Reforma da Previdência, que penaliza os mais pobres, as mulheres e os trabalhadores, porque isso tem repercussão direta na vida dos recifenses”, reitera.
Comunidade Caranguejo Tabaiares
João da Costa também afirmou que seu mandato está realizando reuniões em várias comunidades da cidade do Recife, com a intenção de levar demandas populares a serem discutas junto aos parlamentares. Recentemente, o vereador visitou a comunidade de Caranguejo Tabaiares, na Ilha do Retiro, que fica próxima a uma zona de especulação imobiliária. A Prefeitura do Recife tem projetada para a área, a urbanização do canal do Prado, o que impactaria a vida de cerca de 150 famílias. Parte dessas pessoas seriam realocadas para um conjunto habitacional, localizado a aproximadamente 7 km de distância da área onde vivem atualmente, e outra parte seria indenizada, correndo o risco de receber um valor muito abaixo do praticado no mercado.
A comunidade Caranguejo Tabaiares é uma Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), que se refere às áreas territoriais destinadas, predominantemente, para garantir a permanência de população de baixa renda em assentos habitacionais. De acordo com João da Costa, durante seu período na prefeitura, a comunidade esteve incluída em um projeto que visava a construção de aproximadamente 300 unidades habitacionais e, para isso, ele declarou de utilidade pública terreno que hoje se encontra desapropriado e que deveria ser utilizado para construção de habitações para a população da comunidade. “A nossa preocupação era que o projeto habitacional pudesse ser viabilizado; que ele fosse prioritariamente destinado a essa população [da comunidade Caranquejo Tabaiares] para garantir que as pessoas continuassem morando ali; e que o terreno possa ser incorporado à área de ZEIS, para garantir que ele permaneça com utilidade social”, explica o vereador.
João da Costa afirmou que pretende chamar uma audiência pública para colocar essas questões em debate com a Prefeitura do Recife, para que se busque uma solução que garanta a as condições de habitação das pessoas da comunidade, porque a intervenção urbana na região está sendo feita sem discussão com a população e sem elaboração de um plano urbanístico que previsse isso. “Quem mora lá em Caranguejo Tabaiares há 20, 30, 50 anos, sobrevive economicamente daquela região e das relações que são construídas naquele entorno, então, se um morador é deslocado, fica difícil ele manter sua sustentabilidade econômica, além dos vínculos sociais e culturais que são construídos em uma comunidade ao longo da vida”, reforça.
O entrevistado também aproveitou para relembrar que medidas tomadas recentemente pelo governo federal, como o abandono do programa Minha Casa Minha Vida impactam diretamente nas iniciativas de habitação das prefeituras, mas que se deve buscar soluções que garantam a dignidade das famílias de Caranguejo Tabaiares e preservando o terreno para que a valorização da área não seja destinada à especulação imobiliária.
Eleições 2020
Quando questionado sobre as eleições municipais de 2020, que já vem tendo seu cenário desenhado a partir de possíveis candidaturas do PT com Marília Arraes, PSB com João Campos e PDT com Túlio Gadelha, os três atualmente deputados federais, João da Costa afirmou que o momento político atual tem exigido outras discussões mais urgentes, mas que as eleições do ano que vem devem começar a ser debatidas com mais seriedade no Partido dos Trabalhadores a partir da segunda metade do próximo semestre. “Nós temos que nos preparar para as eleições do próximo ano, porque ela é ponto importante dessa luta [em oposição às medidas de Bolsonaro na presidência]. Em 2020, vai ser levado em conta o protagonismo que o PT precisa ter, a defesa das políticas que a gente precisa fazer e as alianças com parceiros, que a gente precisa conversar com eles”, explica.
João da Costa afirmou, também, que este ano o PT ainda passará por seus processos internos de organização do partido para, em seguida, poder discutir sobre as eleições. “A gente não sabe a perspectiva do futuro, é preciso a gente estar com todo mundo preparado para a luta, mas que, nesse momento a gente concentre nossa energia e nossas forças para derrotar essa proposta de Reforma da Previdência” conclui o vereador.
Sobre uma possível candidatura do bloco da direita para a prefeitura, o vereador afirmou que “vivemos uma polarização muito grande” e que os parlamentares da direita têm sofrido os impactos do “desgaste progressivo” do governo federal, mas que, provavelmente, eles vão procurar se articular para levar adiante suas “propostas de retirada de direitos dos trabalhadores”.
Edição: Monyse Ravena