No próximo dia 29 de maio a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realiza o primeiro turno da eleição para eleger o reitor ou reitora escolhido para conduzir a instituição no quadriênio 2019-2023. Cinco chapas se inscreveram para a disputa, mas sobre o pleito paira a insegurança de se o Governo Federal vai respeitar a escolha da comunidade acadêmica ou não.
As inscrições de chapa foram até o dia 24 de abril. A campanha teve início dois dias depois. O segundo turno está agendado para o dia 12 de junho. Os resultados dos pleitos são divulgados no mesmo dia das votações.
A comunidade acadêmica da UFPE é composta por aproximadamente 50 mil pessoas. A universidade tem mais de 2.800 professores, aos quais se somam os 58 educadores do Colégio de Aplicação (CAp). Também trabalham na UFPE mais de 4 mil servidores técnicos administrativos, além dos trabalhadores terceirizados - estes sem direito a voto. Nas graduações dos três campi - Recife, Vitória de Santo Antão (CAV) e Agreste (CAA) - estudam mais de 30 mil pessoas, além de quase 13 mil estudantes de mestrado e doutorado e 430 adolescentes matriculados no Colégio de Aplicação.
Destes, estão aptos a votar 43.517. Mas os votos de cada grupo que compõe a comunidade acadêmica possui pesos diferentes. O voto de um estudante e de um técnico possui peso 1,5 cada, enquanto o voto de um professor tem peso 7. Ou seja: o total de votos dos professores vai corresponder a 70%, enquanto os estudantes serão 15% e os técnicos 15%.
Para saber o percentual de votos obtido por cada chapa, o cálculo é o seguinte: a quantidade de votos de estudantes obtida pela chapa é dividida pela quantidade total de eleitores do segmento estudantil (37.093). O resultado é multiplicado por 0,15. O mesmo deve ser feito com o voto dos técnicos, que deve ser dividido pelo total de eleitores do segmento (3.898), multiplicando o resultado por 0,15. Já para calcular o percentual obtido com votos dos professores, o total de votos do segmento deve ser dividido por 2.526 (total de professores aptos a votar) e, em seguida, multiplicado por 0,7.
A votação se dará em 22 urnas que estarão distribuídas em cada centro de ensino, não mais utilizando a urna eletrônica, mas pelo sistema SigEleições, plataforma dentro do sistema Sig@ e desenvolvido pelo Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI). O sistema apresenta interface parecida à da urna eletrônica. No momento da votação os eleitores devem se dirigir às mesas apresentando documento oficial com foto e CPF aos mesários. O eleitor será direcionado à cabine de votação, onde deve digitar o CPF no computador. Não será necessária a senha do Sig@. Assista:
No dia 2 de julho a UFPE deve enviar ao Governo Federal a lista contendo os três nomes mais bem votados pela comunidade acadêmica, em ordem de prioridade, para o presidente da República nomear. O nomeado assume a universidade no mês de outubro, em data a definir, quando se encerra o mandato do atual reitor Anísio Brasileiro. Historicamente o Governo Federal nomeia o candidato mais votado, como forma de mostrar respeito à autonomia universitária. O presidente nomeou dois reitores até agora, escolhendo os primeiros da listas das universidades federais do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Rio de Janeiro (UFRJ).
No entanto, o presidente tem mantido ao menos três universidades com gerência provisória, já que aguardam nomeação de reitores há meses. Em julho de 2018 a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFMT) enviou sua lista tríplice, não sendo respondida por Michel Temer (MDB) ou Bolsonaro (PSL); a Universidade da Integração Latino-americana (Unila), no Paraná, aguarda nomeação desde novembro; e a Federal do Caririr (UFCA) aguarda desde dezembro.
Diante das medidas consideradas ameaçadoras à autonomia e até a existência da universidade pública, um grupo de professores, técnicos e estudantes lançou um manifesto em defesa da universidade, buscando assinatura de todos e todas que compõem a comunidade acadêmica.
O grupo também busca a assinatura dos candidatos à Reitoria, se comprometendo com as pautas do manifesto, que são: defesa da universidade pública, gratuita, inclusiva e de qualidade; autonomia da universidade contra interferências externas; liberdade de aprender, ensinar pesquisar e divulgar pensamentos, arte e saberes; liberdade de cátedra, garantindo o respeito á pluralidade de ideias; defesa do Código de Ética da UFPE; e defesa do sistema de cotas e da assistência estudantil. Até a consulta pelo Brasil de Fato, 813 pessoas haviam assinado o manifesto.
Confira as chapas que concorrem à Reitoria da UFPE.
Chapa nº50 - Edílson Fernandes e Sandro Sayão
Edílson Fernandes é professor do departamento de Educação Física e já foi pró-reitor de extensão da UFPE. Nascido no Rio de Janeiro, ele fez graduação, mestrado e doutorado em Educação Física. Seu pós-doutorado é em sociologia. Edílson é filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Edílson disputa pela segunda vez a reitoria. Em 2015 ele obteve 22,8% dos votos no primeiro turno, mas acabou derrotado no segundo turno. Seu vice, Sandro Sayão, leciona no departamento de Filosofia. O gaúcho é formado em Ciências, com mestrado e doutorado em Filosofia. A chapa sintetizou suas propostas no lema de "gestão humanizada e de excelência".
Chapa º53 - Florisbela Campos e André Santos
Única candidata mulher, a paranaense Florisbela é graduada, tem mestrado e doutorado em Nutrição, todos na UFPE. Foi diretora do Centro Acadêmico de Vitória (CAV) durante 8 anos (2006-2015), quando foi eleita vice-reitora da segunda gestão Anísio Brasileiro, cargo que Florisbela ocupa atualmente. Apesar disso, ela não obteve o apoio de Anísio. Seu vice, André Santos, tem graduação, mestrado e doutorado em Ciência da Computação. É o atual diretor do Centro de Informática (CIn). Florisbela e André sintetizaram a proposta da chapa nas palavras: "acolher e inovar".
Chapa º54 - Daniel Rodrigues e Roberta Ramos
A chapa nº 54, registrada oficialmente pelos professores Daniel Rodrigues e Roberta Ramos emitiu nota criticando a descrição dada pelo BdF à chapa. Aceitamos as críticas e colocamos aqui um trecho da nota em que eles apresentam os integrantes da chapa. "O Movimenta UFPE é uma chapa coletiva, composta por oito pessoas: dois estudantes de graduação (Millena e Fernando), dois estudantes da pós (Adriel e Luciana), um técnico e uma técnica (Hélder Caran e Ymira) e dois docentes (Roberta e Daniel). Esse formato coletivo nasce da crítica ao personalismo predominante na política institucional e aponta para a necessidade de democratização da universidade, com a participação efetiva dos técnicos, estudantes e docentes nos espaços de decisão".
Chapa º55 - Alfredo Gomes e Moacyr Araújo
Alfredo Gomes é psicólogo, com mestrado em sociologia e doutorado e pós-doutorado em Educação. É o atual diretor do Centro de Educação (CE), onde leciona. Já Moacyr Araújo, conhecido como "Moa", é formado em engenharia civil, com mestrado em hidráulica e saneamento e doutorado em física e química do meio ambiente. Moa leciona no departamento de oceanografia. A chapa encabeça o Movimento União, Democracia e Excelência (MUDE-UFPE).
Chapa º59 - Jerônymo Libonati e José Luiz
Jerônymo Libonati é graduado em Economia e Ciências Contábeis, com mestrado e doutorado em Controladoria e Contabilidade. É o atual diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA). José Luiz é graduado em Medicina, com doutorado em Bioquímica e Microbiologia. Também conhecido como "Zé Luiz", ele é professor no departamento de bioquímica e biofísica, além de diretor do Laboratório de Imunopatologia (Lika) da UFPE. A chapa, que sintetizou seus objetivos no lema "gestão integrada com inovação".
Edição: Monyse Ravena