Vivendo e observando um momento muito agitado da conjuntura política no Brasil, um grupo de professores, estudantes e servidores públicos de Petrolândia, no Sertão do São Francisco, decidiu estudar coletivamente para entender melhor os acontecimentos. Foi a partir dessa iniciativa que surgiu o Clube do Livro da Expressão Popular. O clube leva o nome da editora que publica os livros lidos pelo grupo.
A Expressão Popular, fundada em 1999 em São Paulo por um grupo de militantes de vários movimentos populares, especialmente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), já tem mais de 500 livros publicados e tem como objetivo impulsionar a formação política e ideológica de militantes de esquerda. Nascida num momento de derrotas da esquerda mundial, a iniciativa também impulsionou a criação de escolas de formação política. Uma das principais vantagens da editora em relação às outras é os preços baixos dos livros, que pagam basicamente a produção e a mão de obra, o que barateia e deixa as obras bastante acessíveis. Dentro das publicações, há leituras voltadas a política, economia, história, educação, direito, comunicação, agroecologia, gênero, diversidade sexual e questões de raça e etnia, além das leituras infantis.
É a partir do Clube do Livro, uma política de assinatura e fidelização dos clientes com baixos preços para a aquisição mensal de livros, que a leitura do clube é escolhida. O professor Daniel Filho, que faz parte do grupo, explica: “O objetivo inicial era compreender todo esse processo que a gente vive no país. Além disso, a Expressão Popular é uma editora que publica textos importantes. Daí surgiu a ideia de assinar o Clube do Livro que a Expressão oferece e daí nos encontramos mensalmente para socializar as leituras e impressões”.
Os encontros acontecem mensalmente, sempre na biblioteca pública da cidade. A cada mês, a leitura é a que é enviada pela editora. O grupo, que começou com 5 pessoas, hoje recebe um público maior, mesmo com os desafios “Ás vezes a entrega do livro atrasa para algumas pessoas. O principal desafio é fazer com que o livro chegue para todos ao mesmo tempo. A gente espera que todos os membros tenham feito a leitura para marcar os encontros. Os encontros vêm crescendo por serem abertos, quem media os debates são as pessoas que participam do clube, mas ele é aberto para toda a comunidade, então sempre aparecem novas pessoas para participar dos debates e alguns se interessam em assinar o Clube do Livro”, explica Daniel.
Nos encontros, já foram debatidos livros como “As veias abertas da América Latina”, do uruguaio Eduardo Galeano; “Agronegócio e indústria cultural”, de Ana Manuela Chã; “A reforma empresarial da educação - Nova direita, velhas ideias”, de Luiz Carlos de Freitas e “Amazônia - riqueza, destruição e saque”, de Gilberto de Souza Marques. O próximo encontro do grupo acontece no dia 3 de junho. As leituras da vez serão “Apontamentos para a teoria do autoritarismo” e “Reflexões sobre a construção de um instrumento político” do sociólogo e político Florestan Fernandes. O encontro inicia às 19h na Biblioteca Pública Municipal Barão de Mauá, que fica na Av. dos Três Poderes, 872, Centro.
Edição: Monyse Ravenna