A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é um dos centros de excelência mais importantes considerado um polo de conhecimento do nordeste. No ranking das 20 melhores universidades brasileiras, a UFPE possui conceito 4,33, quase nota máxima (5) nos indicadores do INEP.
O corte de 30% feito pelo Ministério da Educação (MEC) e que atinge todas as Instituições Federais de Educação teve um grande impacto na UFPE. Dos R$ 5,7 bilhões contingenciados na Educação, R$ 2 bilhões corresponderam às universidades. Seguindo planejamento aprovado em Lei Orçamentária Anual (LOA) foi repassado a UFPE o previsto até maio (40%), com este novo corte apenas metade dos 60% restantes chegariam à universidade, impossibilitando o cumprimento das obrigações até final de 2019.
No total, estão bloqueados R$ 55,8 milhões da UFPE, sendo R$ 50 milhões relativos a custeio (contas de luz, água e telefone e pagamento de terceirizados, por exemplo) e R$ 5,8 milhões destinados a investimentos (infraestrutura e equipamentos). Dentro deste corte de 30% estão incluídos metade do total do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), que apoia a permanência de estudantes de baixa renda matriculados em cursos de graduação presencial das instituições federais de ensino superior (IFES). Na Assistência Estudantil da UFPE foram concedidos mais de 7 mil benefícios estudantis e 941.065 refeições no Restaurante Universitário, em 2018.
De 2014 a 2018, o gasto com os estudantes também sofreu uma diminuição de 25% e hoje o custo por aluno é de apenas 18 mil. Em relação aos estudantes, cerca de 70,2% dos 31.266 universitários vem de famílias com renda per capita de até 1,5 salário. Isso significa que mais de 2 em cada 3 alunos da UFPE são das classes D e E. Se consideradas apenas as regiões Norte e Nordeste, o percentual nacional (70%) atinge 81% e 78%. Os dados
são da V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos Graduandos das IFES), pela Andifes.
A UFPE vem sofrendo com cortes de verbas desde 2014. Para se ter uma ideia do contingenciamento sofrido ao longo dos anos, a UFPE em 2013, contava com um orçamento de investimento de R$ 98,6 milhões. Em 2019, o valor caiu para 9,7 milhões (menos de 10% do valor anterior). Dados destes sucessivos contingenciamentos, que ocasionam o desmonte das instituições federais, está sendo agora monitorado por uma rede de inteligência com integrantes de universidades de todo o Brasil: o Observatório do Conhecimento.
Uma iniciativa suprapartidária e independente, o Observatório tem como um dos representantes o presidente da Associação de Docentes da UFPE (ADUFEPE) Edeson Siqueira, que afirma que a rede tem o objetivo de renovar a concepção do movimento sindical docente“O Observatório já tem a adesão dos parlamentares da Comissão de Educação de C&T, da Câmara dos Deputados, e da Frente Parlamentar Mista pela Valorização das universidades, do Congresso Nacional. com estrutura de acompanhamento político e jurídico, a rede do Observatório vai monitorar e denunciar políticas e práticas de perseguição ideológica a reitores, professores, alunos e pesquisadores”, disse Edeson.
Outras 15 Associações e sindicatos docentes do Brasil se articulam tanto no Congresso Nacional, em Brasília-DF, e nas assembleias em seus estados, além de consolidar parcerias com coletivos estudantis e entidades científicas para lutar contra o desmonte sistemático do ensino superior e da ciência e tecnologia no Brasil. O endereço eletrônico é do Observatório.
Bolsas
Durante coletiva à imprensa no último dia 9, Anderson Correia, presidente da CAPES, informou que o congelamento de bolsas ociosas representava apenas 1,75% do total de 200 mil benefícios. Num total de 4.798 bolsas suspensas em todo o país, 33 bolsas foram cortadas da UFPE sendo uma do pós-doutorado, 17 do doutorado e 15 do mestrado. Sendo que os valores delas na pós-graduação (R$ 1,5 mil durante o mestrado e R$ 2,2 mil durante o doutorado) não são reajustados a mais de 5 anos, nem mesmo a inflação.
UFPE
A Universidade Federal de Pernambuco tem três campi (Recife, Caruaru e Vitória de Santo Antão), 109 cursos de graduação, 145 cursos de pós-graduação, 31,2 mil alunos de graduação, 9,1 mil alunos de pós-graduação, 2,5 mil professores e 3,8 mil servidores
técnico-administrativos. Dentro dos cortes de custeio estão os terceirizados de limpeza (478), vigilância (269) e manutenção (174) num total de 1095 contratados.
Edição: Monyse Ravenna