Na tarde desta sexta-feira (14), em entrevista ao Programa Brasil de Fato Pernambuco, o dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Jaime Amorim comentou sobre as paralisações da Greve Geral e os desdobramentos da operação Lava Jato, após os vazamentos das conversas entre Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, e Deltan Dallagnol, procurador do Ministério Público, pelo site The Intercept Brasil. O programa foi ao ar na Rádio Clube 720 AM.
De acordo com o dirigente do MST, o Brasil ainda está tentando se recuperar do golpe contra a Democracia e o Estado Democrático de Direito, pós-impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Para Jaime, o sentimento de antipetismo e o ódio que foi criado pela elite na sociedade culpando a esquerda, inclusive, pela crise internacional, fez a população identificar como opção o governo Bolsonaro. “Agora, a população está acordando, está vendo que há um grande risco de a gente retroceder na construção da Democracia, da soberania nacional e do país nação”, explica.
Para Jaime, a Greve Geral que acontece nesta sexta-feira e que paralisou cerca de 45 milhões de trabalhadores na manhã de hoje, é uma visibilidade da insatisfação popular. “Os movimentos sociais estão conseguindo passar uma mensagem. Paramos dia 15, paramos dia 30 e, agora, a Greve dá essa sintonia do momento que estamos vivendo”, avalia. O dirigente do MST afirmou, também, que a luta contra as medidas de Bolsonaro continua e que “o resultado do dia de hoje vai propiciar as condições de retomar uma nova mobilização”.
Sobre as ações ocorridas em Pernambuco e em todo ao país, Jaime é categórico: “Nós podemos dizer que o Brasil parou!”. Segundo Jaime Amorim, o MST, junto a outros movimentos populares, interditou estradas de todo o estado, desde Petrolina até o litoral. Na capital pernambucana e região metropolitana, os portos pararam, assim como os trabalhadores da Educação e outras categorias. “No estado de Pernambuco, praticamente em todas as cidades fizemos atos, junto com os sindicatos, professores e estudantes, em defesa da aposentadoria e contra a Reforma da Previdência”, reforça.
Em relação ao momento político atual de crise política e econômica, Jaime Amorim relembra que o Brasil vivenciou durante um curto período uma situação de otimismo e praticamente pleno emprego, até 2014. No entanto, ele considera que “os capitalistas que deram o golpe, as grandes instituições apoiadas pelo capital financeiro, não construíram uma alternativa, o que aumentou o desemprego e, hoje, vivemos uma situação desastrosa”.
O dirigente do MST relembrou, também, que durante o governo Dilma o Brasil foi retirado do Mapa da Fome das Nações Unidas, mas que com o crescimento da pobreza a tendência é que o país volte para essa situação. “Hoje, nós já temos mais de 18 milhões de pessoas que passam fome no Brasil, estamos voltando ao retrocesso daquilo que eram os 1990!”, enfatizou, relembrando o período em que o Brasil esteve sob um governo neoliberal, semelhante ao atual.
Vaza Jato
Em relação aos vazamentos de mensagens recentes, que indicam que Moro e Dallagnol agiam em conluio com Luiz Fux, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Jaime caracterizou que o grupo que articulou e julgou a prisão de Lula é “promíscuo” e são “formados para cumprir o papel sujo da história”.
Além disso, o dirigente do MST apontou a contradição do Judiciário, que tem criticado os vazamentos mas fez o mesmo com Dilma Rousseff e Lula em 2016, grampeando o telefone da presidenta. “Esse grupo sempre se articulou e são responsáveis pelo golpe contra Dilma, pela crise no país e são submissos ao capital norte-americano”, frisou.
Para Jaime, não apenas Dallagnol e Moro deveriam ser afastados de seus cargos, como Lula deveria ser solto. “Cada vez mais se vê que Lula é inocente e foi preso para impedirem sua candidatura à presidência da República”, enfatiza, reforçando a importância da bandeira de luta “Lula Livre” para a democracia brasileira.
Edição: Monyse Ravena