A Copa do Mundo Feminina de Futebol, que terminou no último dia 7, foi encarada como um marco para a modalidade. Nunca antes houve tanto interesse pelos torneios femininos de futebol. Enquanto em muitos países nem mesmo as atletas são profissionalizadas, com salários, as treinadoras têm ainda menos espaço no futebol profissional.
Na Copa do Mundo deste ano, apenas nove das 24 seleções eram comandadas por mulheres. Apesar disso, cinco delas -- mais da metade -- passaram ao mata-mata, enquanto apenas três dos 15 treinadores homens conseguiram passar da primeira fase. Entre as quatro seleções semifinalistas, três eram comandadas por mulheres: as duas finalistas, Holanda e Estados Unidos, além da França. Apenas a Inglaterra é comandada por um homem. No prêmio FIFA de melhor treinador(a) de futebol feminino no mundo, seis mulheres e três homens já ficaram no top 3 desde 2016, ano em que a premiação teve início.
O sucesso das equipes comandadas por mulheres na Copa reflete a profissionalização do futebol feminino nesses países. Onde a modalidade é mais consolidada e profissionalizada, há mais espaço para as treinadoras mulheres desenvolverem seu trabalho.
No futebol masculino a situação é ainda mais difícil para elas. O maior destaque é para a ex-zagueira Corinee Diacre, que comandou a equipe masculina do Clermont Foot, da 2ª divisão francesa, e acabou nomeada para a seleção feminina do país. A única treinadora que chegou a treinar uma seleção masculina foi Patrizia Panico, que treinou a equipe sub-16 da Itália. No Brasil Nilmara Alves comanda o Manthiqueira, 4ª divisão do campeonato Paulista.
A Seleção Brasileira feminina só foi treinada por uma mulher. Emilly Lima foi nomeada para o cargo em 2016 e fez um planejamento para testar muitas atletas, envolvendo jogadoras de todas as regiões do país, buscando a renovação da Seleção tendo em vista a Copa do Mundo deste ano. Com as oscilações, naturais da fase de testes, ela foi demitida pela CBF após apenas 10 meses de trabalho. Para seu lugar entrou Osvaldo Alvarez, o Vadão, que nem avançou na renovação da seleção e nem conseguiu evoluir o trabalho.
Na Série A do Brasileirão Feminino, apenas duas das 16 equipes são treinadas por mulheres: justamente o Sport e o Santos, comandado por Emily Lila. Um dos clubes com o futebol feminino mais estruturado é o Corinthians-SP, que tem investido também nas categorias de base. E é no sub-17 do alvinegro paulista que trabalha uma conhecida do futebol feminino pernambucano, a chilena Macarena Deichler. Antes de chegar ao Corinthians Macarena passou pelo Vitória das Tabocas, levando a equipe ao sétimo título pernambucano consecutivo em 2016.
Ela também teve experiências frustradas no Sete de Setembro, com a diretoria desmontando o elenco às vésperas do Pernambucano 2017; e em seguida passou brevemente pelo Central. A chilena ainda tentou a sorte no União Desportiva (AL) e no São Francisco (BA), da Série A.
Entre as seis equipes que disputam o Campeonato Pernambucano, apenas o Sport é comandado por uma mulher. As Leoas são lideradas por Keila Felício, que por sua vez é auxiliada por Ana Neri. Keila foi zagueira no Vitória das Tabocas, Náutico e Sport, onde encerrou a carreira. Em 2018, assumiu o cargo de auxiliar técnica na equipe feminina e, este ano, foi efetivada como treinadora.
Edição: Monyse Ravenna