Na próxima terça-feira (13), acontecerá um Dia Nacional de Lutas em Defesa da Educação e da Previdência. A mobilização tem como objetivo denunciar o desmonte da educação pública, conduzido pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), além de impedir o avanço da reforma da Previdência. No Recife, o ato tem concentração marcada às 15h, na rua da Aurora, em frente ao Colégio Ginásio Pernambucano, no centro da cidade.
Como forma de pressionar contra as investidas do governo federal, que vem retirando direitos, a União Nacional dos Estudantes (UNE) comunicou que estão previstas manifestações em mais de 40 cidades brasileiras, podendo este número crescer nos próximos dias. O protesto, que tem sido apelidado de “Tsunami da Educação”, está sendo construído por movimentos populares, entidades estudantis e centrais sindicais. São esperadas, também, atividades e paralisações de categorias de trabalhadores.
O objetivo central é barrar o processo de privatização das universidades a partir do programa Future-se, conduzido pelo ministro da Educação Abraham Weintraub, além de cobrar a reversão dos cortes da educação, que estão sucateando escolas e universidades públicas e impossibilitando o pleno funcionamento destas instituições.
De acordo com Rosa Amorim, estudante da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e militante do movimento Levante Popular da Juventude, desde o início do governo Bolsonaro, foram realizados grandes atos no Recife em defesa da educação, mobilizando cerca de 200 mil pessoas, o que tem fortalecido o movimento estudantil na cidade.
Em relação ao programa Future-se, ela considera que se trata de um projeto de “privatização da educação para fazer com que a universidade se flexibilize para a entrada de empresas”. “O futuro da educação é a privatização? A gente coloca que precisa ser outro, então vamos para rua pra defender o nosso projeto de futuro para a educação”, convoca.
A população que ocupa as ruas na próxima semana visa impedir, também, o avanço da reforma da Previdência, aprovada em segundo turno no Congresso Nacional na última terça-feira (06). Segundo Paulo Rocha, professor e presidente da Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT/PE), “a luta contra a reforma da Previdência não acabou” e agora é preciso impedir a aprovação no Senado Federal, onde ela será votada nas próximas semanas.
” O clima no país é de desconfiança dentro do Congresso Nacional e com as bases que deram o Golpe na ex-presidenta Dilma em 2016. Tudo isso irá contribuir para a gente continuar mobilizado e avançar na luta contra a reforma da Previdência, que vai impedir as pessoas de se aposentarem e de ter uma velhice digna. Ainda temos condições de barrar essa reforma, do mesmo jeito que a barramos em 2017”, declara.
Future-se
Apresentado no dia 17 de julho pelo ministro da Educação Abraham Weintraub e ainda cercado de dúvidas, o programa prevê que as organizações sociais (OSs) poderão atuar na administração direta das universidades, inclusive na gestão de recursos e de pessoal.
Segundo texto publicado no site do MEC, um comitê gestor vai “definir o critério para aceitação das certificações, para fins de participação no processo eleitoral dos reitores”. Para alguns, isso significa que as OSs poderiam até atuar na escolha de reitores e pró-reitores, uma questão que o governo ainda não esclareceu.
Aderindo ao Future-se, as instituições federais também poderiam “emprestar” professores para atuarem nas OSs e ceder a ocupação ou vender o nome de prédios (naming righs) para essas instituições, como já é feito em estádios de futebol. O anúncio do Future-se gerou reações negativas por parte de reitores e associações de docentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes)
Edição: Monyse Ravenna