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POLÍTICA

O Nordeste e a resistência à política da morte do governo Bolsonaro

Os oito governadores e a governadora que compõem o Consórcio Nordeste já se posicionaram contra privatizações

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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Uma das propostas do consórcio é a possibilidade de trânsito dos servidores entre os estados e a troca de conhecimento e tecnologia
Uma das propostas do consórcio é a possibilidade de trânsito dos servidores entre os estados e a troca de conhecimento e tecnologia - Agência Nordeste

Ainda nos primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro, o povo nordestino e seus respectivos governadores, perceberam que, provavelmente, o Nordeste seria uma região não priorizada pelo atual governo, já que, nos nove estados da região, Jair Bolsonaro não teve a quantidade majoritária de votos. Óbvio que isso não deveria ser justificativa para um governo priorizar ou não uma região, mas não é assim que governa o autointitulado “capitão motosserra”. Prevendo esse horizonte, ainda em março, os nove governadores do Nordeste se reuniram em São Luís (MA) e criaram um consórcio que une os nove estados, com o objetivo de o mesmo ser um instrumento administrativo que poderia ajudar a melhorar a gestão de recursos públicos e a cooperação entre as unidades federativas. 
Nomeado Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste permitirá que os estados membros abram licitações conjuntas, os primeiros editais de compras e cooperação foram anunciados na última semana e têm previsão de publicação para o próximo dia 30, abarcando a compra de medicamentos e equipamentos da área da saúde, materializando as ações da iniciativa, que também chama atenção por se contrapor a várias medidas já tomadas e anunciadas pelo governo federal, se constituindo como um bloco político de oposição e contribuindo para que em terras nordestinas se exercite cotidianamente a resistência ativa às políticas de morte do governo Bolsonaro. 
Os oito governadores e a governadora que compõem a articulação já se posicionaram contra as privatizações do Banco do Nordeste, da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene); cobram um novo pacto federativo; criticam a Reforma da Previdência nos moldes propostos por Bolsonaro e a liberação do porte de armas. 
No campo administrativo uma das novidades propostas pelo consórcio é a possibilidade de trânsito dos servidores entre os estados e a troca de conhecimento e tecnologia. A cada ano um novo presidente encabeça a iniciativa, o primeiro escolhido entre os nove, foi o governador da Bahia, Rui Costa (PT). Oficialmente, o Consórcio foi lançado no dia 29 de julho, depois de aprovado pelas nove Assembleias Legislativas. Viagens internacionais de articulação também já estão programadas para Espanha, Itália, França e Alemanha, com a possibilidade de visita à China, Rússia e Coreias.
Uma das iniciativas discutidas pelos governadores que pode ter um enorme impacto na vida do povo nordestino é a possibilidade da criação de um programa nos moldes do Mais Médicos, para o Nordeste, também em parceria com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas/OMS), contando, inclusive, com médicos cubanos. Desde o fim do Mais Médicos, o governo federal não conseguiu suprir os postos ocupados, sobretudo por médicos cubanos, em pequenos municípios e localidades do semiárido brasileiro. Lá, homens, mulheres e crianças têm seu direito à saúde negado todos os dias.
 

Edição: Monyse Ravenna