Pernambuco

LUTA

No Semiárido, organizações debatem conjuntura e constroem ações unitárias em PE

Plenária da Articulação Semiárido Brasileiro em Pernambuco reúne movimentos populares para debater estratégias de luta

Brasil de Fato | Triunfo (PE) |
Atividade contou com a participação de movimentos indígenas, quilombolas, de mulheres, juventudes, associações, cooperativas e sindicatos
Atividade contou com a participação de movimentos indígenas, quilombolas, de mulheres, juventudes, associações, cooperativas e sindicatos - Vanessa Gonzaga

Nesta terça (24), a cidade de Triunfo, no Sertão pernambucano, recebe a Plenária Ampliada da Articulação do Semiárido Brasileiro com os Movimentos Sociais. Com representações de movimentos populares de mulheres, juventude, sindicatos, cooperativas e Organizações não Governamentais, a proposta da atividade é fazer uma síntese dos processos de luta, formação e organização protagonizados pelas organizações em todo o estado, tanto no campo quanto na cidade, fortalecendo a organização popular em torno da defesa da Agroecologia. 
Nas falas de cada organização, ficou evidente como o debate sobre outras lutas vem sendo incorporadas como estratégia política das organizações, quem vem pensando os trabalhadores rurais e urbanos para além das contradições colocadas pelas relações de trabalho, como ressalta Graciete Santos, da ASA “Existe também uma caminhada de afirmação das mulheres como feministas, que é uma luta antiga, mas que vem sempre se reconstruindo na perspectiva de valorizar a participação das mulheres nos programas, nos intercâmbios de experiências”. Para ela, isso vem se refletindo em como as políticas sociais cada vez mais vem se adaptando para formar mulheres no trabalho técnico e político de convivência com o Semiárido. 
Um ponto comum levantado pelas organizações são os retrocessos impostos pelo atual governo, seja nos cortes de financiamento de políticas de fomento á democratização do acesso à água, terra e de tecnologias de fomento à agricultura familiar e Agroecologia. Se por um lado essas políticas mudaram a vida de milhões de famílias no Semiárido, a avaliação das organizações é de que há muito mais a ser feito e que é a partir de construções unificadas que a continuidade dessas conquistas pode ser pautada. 
Sérgio da Silva é presidente da Federação de Comunidades Quilombolas de Pernambuco, que tem impulsionado em todo o estado a luta em defesa do território, com a certificação e a titulação de comunidades quilombolas com o Cadastro Ambiental Rural em Territórios Quilombolas (CAR Quilombola), além da luta pela garantia de educação contextualizada nas comunidades, que atualmente são mais 90 certificadas pela Fundação Palmares. A Federação existe há dois anos, mas é fruto de um processo anterior de articulação entre as comunidades e outros movimentos, o que vem sendo reforçado a partir das lutas conjuntas.
Para Sérgio, esse tipo de atuação é mais eficiente, especialmente após os diversos cortes nas políticas voltadas para o campo “A gente vem fortalecendo a união entre os movimentos. Os quilombolas vêm se juntando com os indígenas, com os sem terras, para que possamos dar as mãos e lutar pelo que é nosso por direito. Mesmo com as dificuldades, estamos resistindo, mesmo com os recursos cortados, as universidades ameaçadas de fechar, despejos. Está difícil, porque estamos vendo o cenário político piorar num momento em que estávamos avançando. No apagar das luzes estamos retrocedendo anos”.  
A partir dos debates, a proposta é construir estratégias comuns de atuação dos movimentos em todo o estado. Além de Pernambuco, a expectativa da ASA é realizar plenárias em todos os estados do nordeste e também em Minas Gerais, que compõem o território do Semiárido Brasileiro.

Edição: Monyse Ravenna