Em Petrolina, as produtoras e produtores orgânicos agora têm um local com infraestrutura adequada para comercializar alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos. Desde julho, funciona na cidade o primeiro Mercado Público de Alimentos Orgânicos do Nordeste. Com um investimento de aproximadamente R$ 314 mil reais, de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município, a área tem capacidade abrigar até 28 bancas, é totalmente coberta e adaptada para pessoas com deficiência. Localizado no bairro Areia Branca, ao lado da feira de produtos convencionais, o mercado funciona nas sextas-feiras, das 16h às 20h e nos domingos, de 6:30h às 12:30h.
Para os produtores e vendedores, a principal vantagem do local é a autonomia, já que o mercado não tinha local fixo, o que dificultava o acesso aos produtos. “Na realidade era um dia em lugar, outro dia em outro canto. Nós começamos na feira da Areia Branca em 2011, já passamos pelo Parque Josepha Coelho, Centro de Convenções, no centro da cidade, no estacionamento do Shopping e hoje estamos no nosso espaço, agora a meta é crescer aqui”, relembra Jorge Mariano, que trabalha com a produção de orgânicos desde 2007 na cidade.
Jordana Reinaldo é uma das comerciantes que vende produtos beneficiados, como doces, cocadas e bolos com matérias primas orgânicas. A escolha de trabalhar com os orgânicos veio com a experiência da família “Meus pais já trabalhavam na área e eu consegui ver que nesses lanches orgânicos tinha um diferencial tanto para o meu consumo quanto nas vendas, porque não se encontra com facilidade esse tipo de produto na cidade”, explica.
Todos os produtos vendidos no mercado têm a Certificação Orgânica credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), segundo Jordana. “A alimentação saudável e orgânica andam juntas porque o alimento orgânico, tanto in natura quanto processado você tem a certeza de que é um produto natural”. Grande parte das matérias primas da comerciante é obtida na própria feira, o que diminui o custo dos produtos e fortalece o vínculo entre os próprios produtores.
Um deles é Jorge, que em quatro hectares produz acerola, laranja, limão, maçã, abóbora, coco e outras variedades de frutas e legumes. Após trabalhar por 15 anos com o uso de agrotóxicos, ele se inspirou em experiências de êxito em outras regiões para fazer a transição para a produção orgânica. Para ele, a principal vantagem é o cuidado com o meio ambiente “É uma beleza para o planeta. A gente cuida da terra e do que tem lá dentro. A gente não queima nada, e a vida da terra é outra. Não só se produz algo se for com veneno não, porque trabalhar com orgânicos é trabalhar com prevenção”.
Mais saúde
Petrolina, além de um dos polos do agronegócio e da fruticultura irrigada no país, é uma das cidades que vem notando o aumento dos casos de câncer na região. Apenas entre 2012 e 2013, a quantidade de casos confirmados aumentou 37%, chegando a mais de 13 mil atendimentos, segundo a Associação Petrolinense de Amparo à Maternidade e a Infância (APAMI), que atende casos da doença na região. Além disso, estudos nacionais e internacionais, como os da International Agency for Research on Cancer, que classificaram Glifosato como potencial cancerígeno para seres humanos, apontam a relação entre agrotóxicos e a incidência de câncer, especialmente de mama, ovários e a leucemia.
Por isso, os consumidores vêm procurando mais os orgânicos não apenas pela qualidade dos alimentos, mas também pela segurança de consumir produtos com menos riscos à saúde. Cliente do mercado desde o período nômade pela cidade, Josafá Barbosa vem da cidade vizinha, Juazeiro (BA) para comprar alguns alimentos que não encontra perto de casa “Eu li sobre essa questão dos agrotóxicos, ficamos [na família] com medo e partimos para os orgânicos. O sabor dos alimentos é diferente”. Para ele, o mercado precisa crescer “deveria ter mais incentivo, porque quanto maior ficam mais baratos os produtos, mais clientes aparecem”.
Edição: Monyse Ravenna