A Arquidiocese de Olinda e Recife iniciou esta semana uma campanha de solidariedade para arrecadar donativos para os voluntários e, principalmente, para as comunidades pesqueiras de Pernambuco afetadas pelo derramamento de óleo que invadiu as praias nordestinas.
No último dia 23 o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, visitou comunidades de pescadores da região de Suape, no Cabo de Santo Agostinho, onde escutou as necessidades e temores desta população, que tem seu sustento financeiro diretamente afetado pelo crime ambiental há pelo menos quatro semanas. "A nossa intenção enquanto igreja é estar próximo das pessoas que estão sofrendo, para conhecer suas necessidades e lutar por seus direitos", disse Fernando Saburido após a visita.
O líder religioso também criticou a lentidão do Governo Federal para agir no caso. "Lamentamos a pouca atenção do governo, muito lento no processo de ajuda", opinou Saburido. A visita também foi acompanhada pelo bispo auxiliar, dom Limacêdo Antônio; e pelos padres Adailton Moura e Josenildo Tavares.
Dias após a visita, a Arquidiocese decidiu iniciar uma campanha de solidariedade envolvendo as suas 141 paróquias. Em vídeo de 1'29" que começou a circular no último sábado (26), dom Fernando Saburido aparece conclamando os padres locais para se envolverem. "Queremos solicitar aos nossos párocos e administradores paroquiais que, após as celebrações eucarísticas, motivem as comunidades para ajudar", diz o arcebispo.
O objetivo é recolher material de limpeza e segurança para as pessoas que estão atuando na remoção do óleo, mas principalmente alimento para as comunidades pesqueiras. "Doar alimentos para as famílias impossibilitadas de trabalhar por conta da contaminação da água e do pescado", explica.
Na segunda-feira (28) a CNBB havia emitido uma nota sobre o vazamento de óleo na costa do Nordeste, inspirada pelo recente Sínodo da Amazônia, em que o Papa Francisco reuniu no Vaticano religiosos, movimentos populares e representantes dos povos que vivem na região amazônica. A nota da CNBB cobra das autoridades ações efetivas de recuperação do equilíbrio natural e uma investigação rigorosa para se descobrir os responsáveis pelo crime ambiental.
O documento assinado por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (MG) e atual presidente da CNBB, e pelos três vice-presidentes da entidade, conclama a sociedade e os governantes a "uma profunda e imediata conversão ecológica". "Os processos extrativistas que contaminam e matam devem ser fiscalizados e devidamente responsabilizados pelo poder público, pois não há futuro para a humanidade sem o indispensável respeito à Casa Comum", diz a nota, em referência ao planeta Terra. O documento também destaca o "magnífico trabalho de voluntários que estão se dedicando à limpeza das praias" e coloca estes como inspiração e exemplo de coragem e solidariedade.
Edição: Monyse Ravena