Na manhã desta quinta-feira (31), cerca de 80 famílias que vivem no acampamento Beleza, no município de Aliança, foram despejadas pela tropa de choque, oficial de justiça e corpo de bombeiros. Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a ação teve caráter truculento e destruiu todo o plantio dos trabalhadores e das trabalhadoras, além das casas das famílias.
Em nota, o MST informou que o terreno improdutivo na Mata Norte de Pernambuco foi ocupado em 2015, e fazia parte da Usina Cruangi, que se encontra em situação total de falência. “Assim, dentro dos critérios da legislação vigente da Reforma Agrária na nossa constituição, as famílias ocuparam o Engenho Beleza e passaram a dar um caráter produtivo à área plantando milho, feijão, macaxeira, inhames e hortaliças, tudo de forma agroecológica, além de construírem casas de alvenaria”, declara o movimento.
O MST expressou, ainda, insatisfação diante da iniciativa do Governo do Estado de Pernambuco de criar uma comissão de conflitos apenas com membros do governo, sem a participação da sociedade civil e sem poder de ação. “Continuaremos na luta contra o latifúndio e cobramos das instâncias de governo, uma solução imediata para resolução do conflito, em particular a Secretaria de Desenvolvimento Agrário do estado de Pernambuco . Mesmo assim, o ar de esperança tomou conta de todos(as) a continuarmos firmes na luta histórica em defesa da Reforma Agrária”, conclui a nota.
Confira a íntegra da nota:
Nota do MST-PE sobre o despejo do acampamento Beleza no município de Aliança, Mata Norte do estado.
Hoje dia 31/10/2019
Cerca de 80 famílias foram despejadas, por volta das 6h da manhã de hoje pela a tropa de choque, oficial de justiça e corpo de bombeiros, agindo de forma truculenta e incisiva, destruindo todo o plantio dos trabalhadores e das trabalhadoras, como também as suas casas, deixando as famílias sem as mínimas condições de moradia e de renda. As famílias ocuparam um engenho improdutivo (em 2015) que fazia parte da Usina Cruangi, que se encontra em situação total de falência, assim dentro dos critérios da legislação vigente da Reforma Agrária na nossa constituição. As famílias ocuparam o Engenho Beleza e passaram a dar um caráter produtivo à área plantando milho, feijão, macaxeira, inhames e hortaliças, tudo de forma agroecológica, além de construírem casas de alvenaria. Nada disso foi levado em conta, causando um desespero total as famílias, pois, as autoridades não buscaram uma saída negociável entre as partes, onde assim buscariam evitar ações dessa natureza, pois optaram pela a violência e coerção.
Os agentes do estado, além do que, não levaram em consideração as condições de problemas da falta de saúde de vários camponeses(as), como, por exemplo, pessoas com problemas cardíacos, onde um desses chegou a desmaiar e se encontra internado; bem como muitas crianças e idosos ficaram em situação de pavor. Nós, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, viemos a público expressar a nossa insatisfação diante da iniciativa do Governo do Estado de Pernambuco, onde criou uma comissão de conflitos só com membros do governo, sem a participação da sociedade civil e sem poder de ação, simplesmente para tentar amenizar os efeitos dos desejos.
Continuaremos na luta contra o latifúndio e cobramos das instâncias de governo uma solução imediata para resolução do conflito, em particular a Secretaria de Desenvolvimento Agrário do estado de Pernambuco. Mesmo assim, o ar de esperança tomou conta de todos(as) a continuarmos firmes na luta histórica em defesa da Reforma Agrária.
Direção Estadual do MST.
Edição: Monyse Ravena