O alto nível de politização dos protestos no Chile alcançou também o futebol. A seleção nacional tinha um amistoso contra o Peru agendado para a última terça-feira (19), mas os atletas decidiram não jogar, em forma de mostrar solidariedade aos manifestantes e protestar contra o governo de Sebastián Piñera. Há mais de 30 dias a população chilena está nas ruas em protestos quase diários contra as condições de vida precárias a que estão submetidos há anos. O governo tem respondido com truculência: colocou o exército nas ruas e já são mais de 20 manifestantes mortos, 230 pessoas perderam a visão e outras tantas feridas.
Desde a ditadura de Augusto Pinochet (1974-1990), o governo chileno fez mudanças neoliberais, como reformas da previdência e trabalhista, reduzindo direitos da população e adequando as leis e o Estado aos interesses empresariais do país e internacionais. Hoje a população idosa recebe metade de um salário mínimo e boa parte da população se encontra endividada, não por consumo de bens de luxo, mas por não ter recursos nem para necessidades básicas. Para mudar o cenário a população quer uma nova constituição, através de uma Constituinte.
Atletas titulares da seleção chilena, como o goleiro Cláudio Bravo (Man. City-ING), o zagueiro Medel (Bologna-ITA) e a goleira Christiane Endler (Paris Saint Germain-FRA) fizeram publicações em solidariedade ao seu povo. Há atletas participando inclusive dos atos de rua, como Nicolás Maturana. Torcidas organizadas de equipes rivais se uniram e somaram-se às manifestações.
Edição: Marcos Barbosa