Banhado pelo Rio Capibaribe, na Zona Oeste da cidade do Recife, está localizado o histórico bairro da Várzea, conhecido pela efervescência de manifestações culturais expressas por grupos de forró rabecado, brincadeira do boi, rock, break, reggae, coco, maracatu e entre tantos outros ritmos que compõem o cenário cultural e artístico varzeano. É neste contexto que surge o Maracatu Real da Várzea, fundado pelo Mestre Abissal, morador da Várzea há 35 anos e, poucos anos depois, inicia seu trabalho com maracatu e outros ritmos afro-brasileiros participando de alguns grupos como Maracatu Nação Pernambuco.
Criado em 1997 com o nome Maracatu Várzea do Capibaribe, que, após a divisão do grupo, em 2015, o termo “Real” é adicionado visando reafirmar e consolidar a diretriz do grupo artístico-cultural em desenvolver esta que é uma das maiores expressões culturais do estado de Pernambuco, enfocando o aspecto da realeza, inerente ao maracatu de baque virado.
O som das alfaias, atabaques, caixas, agbês, gonguês e ganzás são ouvidos e sentidos pelas moradoras e moradores vizinhos à Praça da Várzea ao entardecer dos sábados, onde acontecem os ensaios e oficinas promovidas pelo Maracatu Real da Várzea. As oficinas acontecem das 17h às 19h, são oferecidas gratuitamente para quem quiser aprender a dançar e/ou tocar algum instrumento de maracatu e outros ritmos afro-brasileiros. Logo após, acontecem os ensaios, que são abertos ao público, das 19h às 21h.
Entre as atividades culturais promovidas pelo Maracatu no bairro, se destaca o aniversário que acontece em dezembro, este ano será realizado no dia 14, comemorando seus 22 anos. Com atividades a partir das 9h, reunirá diversas manifestações artístico- culturais expressas por diversos grupos, o homenageado será o mestre Chico Science, reconhecido por sua importante colaboração no movimento Manguebeat, e algumas de suas músicas, compõem o repertório apresentado pelo Maracatu.
Com isso, o Maracatu Real da Várzea, cumpre o importante papel de fortalecimento e difusão de saberes, práticas e toda a resistência que há nas diversas manifestações culturais com raízes em ritmos afro-brasileiros no bairro da Várzea, mantendo a cultura popular pernambucana e brasileira viva e pulsante como a vibração sentida ao toque das alfaias.
*moradora da Várzea, integrante do Maracatu Real da Várzea e militante da Frente Brasil Popular de Pernambuco.
Edição: Marcos Barbosa