O Carnaval do Recife de 2020 já tem seus homenageados. Em anúncio feito pela Prefeitura do Recife na semana passada, foi comunicado que o Bloco das Flores e o maestro Edson Rodrigues terão destaque na programação das festas deste ano. A menos de um mês das folias do Momo, conheça um pouco mais sobre essas histórias que serão lembradas por multidões que se arrastarão nas ruas do Recife neste mês de fevereiro.
Bloco das Flores
Primeiro bloco lírico a surgir no carnaval recifense, foi fundado por Pedro Salgado em 1920. O primeiro desfile contou com a participação de 100 mulheres. Com o nome original de Bloco das Flores Brancas, o bloco passou a ser denominado apenas como das Flores em 1922.
As atividades da agremiação foram interrompidas em 1937, ano em que faleceram o fundador e o seu principal compositor, Raul Moraes. O Bloco das Flores passou 63 carnavais sem desfilar, retomando as ruas apenas no ano 2000, após haver uma pesquisa histórica recuperando suas memórias, apesar de muitos registros terem se perdido. Em 2009, foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco.
Para Zenaide Araújo, integrante da diretoria do Bloco das Flores, a homenagem no carnaval deste ano é importante por comemorar o centenário do primeiro bloco lírico: “Isso [a fundação do Bloco das Flores] tem uma importância muito grande dentro do contexto do carnaval pernambucano, porque ele trouxe outros blocos líricos. Hoje, temos mais de 40 blocos líricos em Pernambuco. Eles estão em Camaragibe, Olinda, Moreno, Carpina, etc.”.
Zenaide, que está no bloco há 14 anos, conta, ainda, que considera muito satisfatória a experiência de participar das festividades de carnaval. “A gente tem o prazer de colocar aquela fantasia, desfilar na rua, subir no palco. Só quem já desfilou por um bloco lírico sabe a alegria que é e a emoção que se sente”, declara.
Sobre as comemorações dos 100 anos do Bloco das Flores, Zenaide afirma que foi feita uma missa com os componentes do bloco, na Igreja de Nossa Senhora de Belém, no último dia 15, mas que deve haver outras atividades celebrando o centenário ao longo do ano de 2020. Com um legado facilmente reconhecível, é vasto o repertório de frevos que fazem menção ao primeiro bloco lírico do estado.
Maestro Edson Rodrigues
Nascido em 29 de março de 1942 e com mais de 60 anos de carreira, o primeiro contato com o carnaval recifense ocorreu em 1957, quando integrou a Orquestra Itapoã, dirigida à época pelo Mestre Santiago. Edson Rodrigues foi, também, fundador da Banda Municipal de Recife, na qual atuou entre os anos 1979 e 1983 como maestro.
O músico, que também é arranjador, multi-instrumentista, jornalista, geógrafo, professor de música, compositor e pós-graduado em etnomusicologia, se dedicou não apenas ao frevo, mas também ao jazz, mpb e a outros ritmos da terra. Por essa razão, em 2004, foi homenageado durante o Recife Jazz Festival, recebendo medalha da Secretaria de Cultura do Recife.
Edição: Monyse Ravenna